Colômbia assume compromisso com o transporte sustentável em cidades de médio porte

Reduzir as emissões de efeito estufa com a adoção de meios de transporte público e privado mais eficientes é o objetivo do programa “Transporte sustentável para cidades de médio porte”, que o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e o Ministério de Transporte vêm desenvolvendo com recursos do Fundo Verde do Clima.

29 de junho de 2018

O setor de transportes é responsável por 12% do total das emissões de gases de efeito de estufa na Colômbia, o terceiro maior depois dos setores agrícola e de energia. Com cidades em constante expansão (atualmente existem 27 cidades de médio porte com mais de 250.000 habitantes cada uma, e a estimativa é que em 2050 sejam 69), é cada vez mais urgente trabalhar em prol de um transporte público que contribua à qualidade do ar, que proporcione menos congestionamentos, melhor acessibilidade e que seja mais amigável e voltado para a comunidade.

Esta urgência foi compreendida pelo governo colombiano desde o início do novo milênio, quando promoveu e cofinanciou a estruturação de Sistemas Estratégicos de Transporte Público, com o objetivo de torná-los mais eficientes e integrados. Desde 2002 o Ministério de Transporte está implementando a Política Nacional de Transporte Urbano (PNTU), com investimentos que chegam a USD 5,6 bilhões em 15 cidades do país. No entanto, após 15 anos de implementação, as taxas de motorização privada continuam a crescer, fazendo com que as cidades sejam menos acessíveis, mais congestionadas, inseguras e poluídas. A situação se mostra ainda mais complicada quando as taxas de crescimento populacional são altas.

Para combater esse fenômeno, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e o Ministério dos Transportes lançaram hoje o programa “Transporte sustentável para cidades de médio porte: Pasto, Pereira, Montería e Valledupar”, financiado com recursos do Fundo Verde do Clima (FVC), cujo objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio da adoção de meios públicos e privados mais eficientes e com menos emissões de gases de efeito estufa no transporte.

Participaram da reunião o vice-ministro de Transporte Andrés Chaves, representantes do CAF, bem como autoridades das quatro cidades beneficiárias do projeto. O FVC aprovou recursos de preparação no montante de US$ 1,4 milhão, valor que será utilizado para contratar um estudo detalhado por cidade, bem como cinco estudos transversais para realizar análises de viabilidade e desenvolver um plano das intervenções a serem financiadas com os recursos do programa.

Pronunciando-se sobre o assunto, o vice-ministro de Transporte Andrés Chaves afirma que “o país ainda tem grandes desafios em matéria de crescimento e desenvolvimento urbano, e iniciativas como esta não apenas contribuem para superar esses desafios como ajudam a criar cidades mais amáveis e cidadãos mais felizes”. 

Espera-se que o programa gere intervenções que estimulem a deslocação modal, com meios de transporte mais sustentáveis, como o sistema de transporte público e o transporte não motorizado.

Nesse sentido, também será financiado o desenvolvimento e a implementação de uma estratégia de gestão da demanda de transporte e de estratégias de desenvolvimento urbano com base no transporte público (TOD, em inglês). Também serão incluídos componentes de segurança rodoviária, comunicação, perspectiva de gênero e gestão ambiental e social.

A implementação do projeto visa reduzir pelo menos 500.000 toneladas de CO2e até 2030, além dos benefícios associados a uma melhor qualidade de vida, à acessibilidade ao transporte público e não motorizado, à maior segurança rodoviária, ao menor consumo de combustível fóssil e ao planejamento urbano.

As cidades escolhidas têm como denominadores comuns taxas de motorização relativamente altas e crescentes, aumento da população urbana e tendências de expansão urbana no médio prazo. Ao mesmo tempo, constituem centros urbanos vibrantes, com políticas de transporte sustentáveis, finanças positivas e governos dispostos que facilitam a integração da mudança. 

O que será feito em cada cidade?

  • Em Pasto, o programa fortalecerá os esforços locais para promover o uso de bicicletas e aumentar ou manter a cota de transporte público no total de viagens.
  • Em Pereira, uma cidade que conta com um sistema de Bus Rapid Transit (BRT), o desafio é interconectar meios de transporte para que o Megabús, Sistema de Transporte de Massa, possa atingir os objetivos de taxas de ocupação. Outras estratégias estarão voltadas para a integração do transporte público e privado, para a mobilidade alternativa em teleféricos e para a implementação de mais ciclovias.
  • Em Montería, o sistema de transporte Montería Amable será integrado às rotas adicionais de transporte hidroviárioe à recém-criada ciclovia; a gestão da demanda e a geração de infraestrutura e serviços para promover o uso de meios não motorizados também se incluem entre as medidas.
  • Em Valledupar, o uso do trânsito lento e as áreas intermodais constituirão a estratégia para incentivar o uso de veículos não poluentes e bicicletas, assim como a promoção do deslocamento a pé próximo aos centros de atividade.

Este é um dos programas pioneiros de Transporte Urbano apresentado ao Fundo Verde do Clima com potencial de replicabilidade em cidades de médio porte da América Latina. Com a aplicação desses recursos de pré-investimento espera-se que seja gerada uma proposta sólida para que se tenha acesso a recursos adicionais do Fundo e do CAF de até USD 50 milhões para a implementação de projetos derivados do programa e, dessa forma, criar uma mudança de paradigma em termos de mobilidade e desenvolvimento urbano das cidades.

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