Enrique Iglesias: “a região está hoje melhor preparada para enfrentar ciclos de desaceleração”

O ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Enrique Igelsias, e o presidente-executivo do CAF, Enrique García, dialogaram no programa "Conversando com o CAF" sobre o multilateralismo, a importância da integração regional e os desafios que a América Latina enfrenta nos próximos anos

16 de novembro de 2015

Em uma nova edição do programa Conversando com o CAF, Enrique Iglesias, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e Enrique García, presidente-executivo do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- destacaram a importância das instituições multilaterais e a integração como sendo veículos fundamentais para enfrentar os desafios que o novo contexto socioeconômico apresenta para a América Latina. Também ressaltaram que, apesar das dificuldades econômicas, a região encontra-se atualmente melhor preparada para enfrentar ciclos de desaceleração.

"Estamos em um momento difícil no mundo inteiro, não apenas na América Latina, mas nos encontramos em uma posição muito melhor do que estivemos em outros momentos similares", disse Iglesias, que também é ex-titular da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB) e ex-secretário-executivo da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). "Não se trata de grandes sacrifícios, mas sim de ordenar bem as coisas para passar esta época de seca, e o que não fizemos em educação, tecnologia e outras áreas, devemos fazer agora".

Nesse sentido, o presidente-executivo do CAF, Enrique García, ressaltou o papel preponderante que os organismos multilaterais de crédito possuem na região. "A América Latina tem sido um exemplo de multilateralismo financeiro", afirmou García. "Instituições muito importantes têm sido um pilar no seu desenvolvimento econômico e social".

No entanto, García disse que nenhuma instituição tem capacidade para atender todas as necessidades da região, de modo que "o desafio é buscar iniciativas de convergência". "Na medida em que se tenham objetivos claros e interesses comuns é possível operar esquemas que reúnam diferentes ideologias", declarou García.

A necessidade de uma integração regional foi um ponto de convergência. Iglesias ressaltou que as empresas privadas estão tomando a liderança em termos de uma integração real.

"O setor privado tem 500 empresas que estão trabalhando em todos os países da América Latina e são as empresas privadas que estão realmente realizando a integração real dos interesses específicos", enfatizou Iglesias. "No campo das instituições de integração, excluindo a América Central e o Caribe, o progresso tem sido muito mais lento; poderia ter sido mais dinâmico e este é o momento onde deve sê-lo".

García e Iglesias comentaram a recente restauração das relações entre Cuba e Estados Unidos. O ex-titular do BID considerou que este fato "inaugura uma etapa de diálogo mais construtivo".

Iglesias afirmou que a aproximação entre Estados Unidos e Cuba "também abre a porta para fazer coisas no resto da América Latina, porque esse certo antiamericanismo, que de alguma maneira prevalecia na época, hoje já foi eliminado e o início destas conversações foi recebido com um enorme apoio de todos os países da América Latina".

García concordou e destacou que "é importante que a América Latina veja o mundo em toda a sua dimensão, e as relações com os Estados Unidos são extremamente importantes para que se obtenha uma transformação produtiva com valor agregado".

A educação e a inovação como desafios para melhorar a produtividade também foram parte do diálogo. "A América Latina tem bolsões de inovação tecnológica, mas falta uma inovação muito importante em matéria de produtividade", afirmou Iglesias.

Em relação à educação, García destacou que "é necessário realizar um grande esforço para levar o nível educativo aos desafios do século XXI".

Para ver o diálogo entre Iglesias e García acesse o site www.conversandoconcaf.com e o canal do YouTube "Conversando com o CAF".

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