Equador marcará a rota da gestão integrada de recursos marinhos e costeiros sob os efeitos das mudanças climáticas

O CAF está desenvolvendo uma metodologia que possa ser replicada em todas as áreas costeiras da região, para promover a resiliência em populações diante das mudanças climáticas e o acesso seguro a recursos marinhos costeiros no presente e futuro, no contexto do manejo costeiro integrado

08 de fevereiro de 2018

De acordo com projeções do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), até o ano 2100, o aumento no nível do mar estará entre 0,4 e 0,8 m.  E, apesar desse processo ser pouco perceptível ao olho humano no curto prazo, teria consequências graves (perda de território por erosão e inundações, danos às infraestruturas, salinização de solos, baixa produção agrícola), especialmente para a população das zonas costeiras, lugares onde se concentra a maioria da população mundial.

Estima-se que atualmente a população costeira, direta e indireta, representa 50,3% da população mundial. Perante esta realidade, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina está apoiando o desenvolvimento de uma metodologia para a avaliação da gestão integrada dos recursos marinhos e costeiros, considerando os efeitos das mudanças climáticas.

O estudo conta com um amplo processo de planejamento participativo, no qual se busca que os atores envolvidos compartilhem experiências e identifiquem as prioridades e linhas de ação em um ambiente de mudanças climáticas. É por isso que, na cidade de Guaiaquil, foi desenvolvido em conjunto com parceiros estratégicos como BIOTICA, Grupo Spurrier, CIIFEN e CORPEI, o workshop: Gestão de Riscos das Mudanças Climáticas em Projetos de Ambientes Marinhos e Costeiros, juntamente com atores dos setores financeiros e produtivos, os quais expuseram suas preocupações e recomendações sobre o tema.

Durante o workshop, Bernardo Requena, diretor-representante do CAF no Equador, comentou que, em anos anteriores, foi desenvolvido um estudo sobre a gestão de recursos hídricos em bacias hidrográficas de montanha sob o efeito das mudanças climáticas, e que o estudo atual nas áreas costeiras permitirá complementar o estudo mencionado, para estarmos mais bem preparados diante do efeito das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos costeiros e seus recursos, dos quais depende significativamente a economia de boa parte das nações com zona costeira da região.

Por outro lado, Eduardo Egas, presidente-executivo da CORPEI, disse que o Equador conta com mais de 900 km de fronteira marinha e que uma boa parte da população vive em torno do recurso marinho, por isso sublinhou a importância do estudo, que permitirá compreender e mitigar os efeitos das mudanças climáticas nas áreas marinhas e nas zonas costeiras.

A elevação do nível do mar se manifesta: pela perda de território por erosão e inundações; pelos consequentes danos à infraestrutura; pela necessidade de investimentos extraordinários para manter a linha de costa; pela salinização dos solos e, portanto, sua baixa produção agrícola; pela salinização dos aquíferos e um impacto potencial maior das tempestades e dos maremotos, posto que as ondas podem alcançar áreas que não costumavam ser afetadas anteriormente. Além disso, o aumento da temperatura, a mudança nos padrões e na intensidade das precipitações e secas poderiam afetar o fornecimento de água potável, de víveres e alimentos às cidades.

O setor agrícola é diretamente afetado por secas, chuvas e inundações, e isso repercute diretamente sobre o abastecimento das cidades. Outra consequência importante nas cidades poderia ser o aumento de enfermidades e pragas como a dengue, que estão diretamente relacionadas com as temperaturas e a baixa qualidade da água. Por esta razão, a importância do estudo, que, embora se concentre em uma área particular da América Latina (perfil costeiro equatoriano), fornecerá uma metodologia que possa ser replicada em todas as áreas costeiras da região, para promover a resiliência nas populações e acesso seguro a recursos marinhos costeiros no presente e futuro, no contexto do manejo costeiro integrado.

A Agenda Ambiental do CAF identifica como um de seus temas prioritários a busca de estratégias que permitam enfrentar proativamente os efeitos das mudanças climáticas, particularmente daqueles setores identificados como prioritários pelos países da região.

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