Especialistas internacionais, autoridades e empresas debateram sobre os desafios e oportunidades das mudanças climáticas

O CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- foi um dos organizadores da Semana do Clima da América Latina e do Caribe 2018, realizada em Montevidéu.

20 de agosto de 2018

A Semana do Clima da América Latina e do Caribe 2018, dirigida a promover a colaboração entre os governos e o setor privado para reverter as mudanças climáticas, ocorreu em Montevidéu com o apoio do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e de outros organismos internacionais como o Banco Mundial, a Organização das Nações Unidas, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Organização Latino-americana de Energia, a Associação Internacional de Comércio de Emissões e a plataforma regional Leds LAC.

Autoridades governamentais, empresas e instituições da sociedade civil participaram da atividade que se prolongou por três dias nas instalações do Hotel Radisson Montevideo Victoria Plaza, e cujo eixo central foi o Fórum de Carbono da América Latina e do Caribe (LACCF).

German Ríos, representante do CAF no Uruguai, participou do painel de abertura do evento, no qual foram trocadas experiências sobre o desenvolvimento de infraestrutura resiliente e baixa em carbono, mercados de carbono, transporte sustentável, energia, cidades compatíveis com o clima, produção e consumo sustentável, e financiamento climático, entre outros tópicos.

“Os nossos negócios estão cada dia mais focados em promover economias capazes de suportar as mudanças que afetam o planeta. Como instituição, nossa meta é que 30% do nosso financiamento seja verde em 2020, algo que levamos muito a sério. Somos uma entidade habilitada do Fundo Verde para o Clima, do Fundo de Adaptação e do Fundo para o Meio Ambiente Mundial, instrumentos dirigidos a apoiar nossos 19 países-membros. Além disso, também contamos com as nossas próprias linhas de financiamento verde, cooperação técnica e ferramentas para que os países possam cumprir suas metas ambientais”, explicou Ríos.

O executivo destacou que há dois tópicos importantes que a organização propõe para colaborar com a América Latina em uma redução das emissões que permita ir em direção a um planeta mais sustentável. Em primeiro lugar, assinalou a geração de conhecimento sobre o que está acontecendo e a necessidade de ter informações para que as ações tenham o impacto desejado. Como segundo ponto, mencionou a importância do fortalecimento institucional para ter acesso aos mecanismos mundiais de apoio.

"98% da geração elétrica do Uruguai é renovável, sendo 26% de energia eólica. Há cinco anos, isso não existia. Uma decisão política e a participação do setor privado, do CAF e do Banco Interamericano de Desenvolvimento conseguiram o objetivo de transformar a matriz energética”, afirmou. Ríos também destacou o projeto binacional que a organização vem executando com as autoridades uruguaias e argentinas para reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas da população que vive perto da bacia do Rio Uruguai.

Durante a atividade, o CAF liderou três painéis de discussão. O primeiro deles, denominado “Infraestrutura Resiliente ao Clima e Baixa em Carbono”, girou em torno da análise dos riscos, benefícios e custos da região por não contar com uma infraestrutura que se adapte às mudanças climáticas e reduza a emissão de gases. 

Nesse sentido, o executivo principal da Direção de Projetos de Desenvolvimento Social do CAF, Jorge Concha, participou da mesa de diálogo e focou sua apresentação no projeto da bacia do Rio Luján, o primeiro plano de financiamento para adaptação aprovado pelo Fundo Verde do Clima. “A América Latina e o Caribe formam uma das regiões mais vulneráveis em termos de mudanças climáticas, especialmente inundações. A Argentina é um dos países mais afetados. Um em cada três argentinos vive em áreas de risco, e o custo associado é de cerca de US$ 700 milhões”, assinalou. O plano desenvolvido visa prevenir inundações, lidar com as vazões e moderar o efeito das cheias, beneficiando diretamente 1,6 milhão de argentinos.

Por outro lado, o executivo principal da Direção de Sustentabilidade, Inclusão e Mudança Climática do CAF, Alejandro Miranda, participou da mesa-redonda “Cidades Compatíveis com o Clima” e destacou a importância e o papel dos centros urbanos na luta contra as mudanças climáticas. “Mais de 70% dos habitantes da América Latina vivem em cidades e espera-se que esse valor chegue a 90% em 2050. Os centros urbanos são responsáveis por 55% do PIB regional e por 70% das emissões de gases de efeito estufa, além de consumirem dois terços da energia global”, disse o especialista.

Miranda assinalou que os compromissos que os países assumiram no âmbito do Acordo de Paris sobre Mudança Climática, celebrado em 2015, devem ser implementados primeiramente em nível subnacional. Além do mais, expressou que “migrar para modelos de cidades sustentáveis e compatíveis com o clima representa não apenas benefícios ambientais, como também grandes vantagens econômicas e sociais”.

Finalmente, foi realizado o painel “Financiamento Climático: Instrumentos Inovadores de Financiamento”, no qual o executivo principal da Direção de Sustentabilidade, Inclusão e Mudança Climática do CAF, Mateo Salomon, explicou o papel do organismo multilateral na mobilização do financiamento climático.

Salientou que o CAF, como membro do Clube de Bancos para o Desenvolvimento, assumiu o compromisso, junto com os outros membros, de redirecionar uma parte importante de seu fluxo financeiro para projetos que tenham um impacto ambiental e climático positivo. Apresentou, também, o esforço realizado pelo CAF para canalizar recursos de financiamento verde por meio das instituições financeiras locais da região e, assim, facilitar o acesso das pequenas e médias empresas a eles. 

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