Finanças e desenvolvimento: qual é a situação na América Latina?

O estudo analisou as distintas dimensões do uso de serviços financeiros e o papel das finanças no processo de desenvolvimento da America Latina, destacando o papel das instituições microfinanceiras.

16 de agosto de 2011

(Montevidéu, 16 de agosto de 2011) A CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, apresentou a sétima edição de seu Relatório de Economia e Desenvolvimento (RED), intitulado “Serviços financeiros para o desenvolvimento: promovendo o acesso na América Latina”, em um Seminário Internacional realizado em Montevidéu, Uruguai, com a participação de autoridades governamentais, especialistas internacionais e representantes do setor financeiro público e privado de toda a região.

O evento internacional teve como objetivo compartilhar os resultados do estudo realizado com os atores mais relevantes do âmbito financeiro latino-americano, elevar os níveis de conhecimento sobre a temática e refletir sobre o papel das finanças nos processos de desenvolvimento, proporcionando nova informação que emerge de um amplo levantamento realizado em cidades da América Latina.

“Promover o conhecimento profundo da região, penetrar nos problemas que afetam nossos países e aportar possíveis soluções são uma importante contribuição da CAF aos processos de desenvolvimento da América Latina”, disse Enrique García, presidente-executivo da CAF.

“E, nesse sentido, nesta edição do RED focamos nas diversas dimensões do uso dos serviços financeiros nos países da América Latina, levando em conta que o acesso ao crédito representa um fator decisivo para incentivar o desenvolvimento econômico e o bem-estar da sociedade”, agregou.

O informe estabelece que 51,3% dos analisados possuem uma conta bancária. Este resultado sugere um importante atraso no nível de acesso aos serviços financeiros em relação a outras regiões e mostra que, ainda que este problema seja particularmente grave para os setores mais pobres, não é exclusivo do setor.

Enquanto nos Estados Unidos quase 100% das famílias com renda mensal de USD 1.000 são “bancarizadas”, essa porcentagem na América Latina é de 60% para o mesmo nível de renda.

A publicação destaca que o desenvolvimento das Instituições Microfinanceiras (IMF) representa uma resposta “de mercado” para a exclusão financeira historicamente sofrida pelo segmento produtivo das microempresas, unidade produtiva tipicamente unipessoal e com uma alta propensão à informalidade.

Contudo, apesar dos avanços das microfinanças o pouco uso de fontes de crédito por parte do microempresário segue sendo uma realidade na região, onde somente 14% das famílias microempresárias possuem um contrato de crédito com uma entidade formal.

O desenvolvimento do sistema promove o crescimento econômico por meio da captação de recursos provenientes das poupanças familiares, que logo são alocados por meio do crédito a projetos de investimento e financiamento do capital de giro.

O informe dedica um capítulo ao papel do Estado, onde destaca o papel do banco público. Discute algumas experiências de sucesso de banco público como mecanismo para a ampliação dos serviços financeiros a alguns setores da população, mas destaca também os problemas de governança e economia política desses bancos. Por isso, ressalta a importância de mantê-los com bons esquemas de Governança Corporativa.

O informe da CAF conclui que a região enfrenta um desafio importante para expandir o acesso aos serviços financeiros que, se superados, poderá resultar em maiores níveis de crescimento para países da América Latina.

RED 2011

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