Garantir a segurança hídrica nas cidades, principal desafio para a América Latina

CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- destaca os avanços do seu estudo regional sobre segurança hídrica, tendo em vista o próximo Fórum Mundial da Água, a ser realizado na cidade de Brasília, de 18 a 23 de março.

15 de março de 2018

Devido a seus diversos impactos sociais, econômicos e ambientais, a segurança hídrica deveria ser um objetivo primordial nas estratégias de desenvolvimento dos países latino-americanos. A demanda por água está aumentando na região, como consequência de padrões de vida mais altos, de taxas crescentes de urbanização e da expansão de atividades produtivas, como a agricultura para exportação e os serviços ligados ao turismo. Tudo isso, combinado com os sérios efeitos da mudança climática, que ocasionam fortes inundações e secas, faz com que o conceito de segurança hídrica se torne ainda mais relevante.

CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- realizou uma pesquisa sobre o assunto, abrangendo 26 cidades de porte médio de 17 países da América Latina. A análise exigiu a avaliação de diversos fatores que influem na segurança hídrica, como as fontes de abastecimento, a infraestrutura principal, as redes de distribuição e os diversos usos do recurso. As conclusões da análise mostram que o maior problema, que ameaça comprometer a segurança hídrica, está na gestão ineficiente da infraestrutura e das redes para o interior da área urbana.

O índice de água não contabilizada (ANC) declarado nas cidades pesquisadas está acima de 40%, enquanto a segurança sanitária domiciliar é um problema que se reflete nos indicadores de morbidade e mortalidade que, em algumas das cidades, atingem níveis desproporcionalmente altos. Outros resultados indicam que apenas 46% das 26 cidades têm a infraestrutura necessária para atender à demanda de água gerada pelos habitantes. No entanto, o verdadeiro problema a resolver nessa equação é a demanda ineficiente do recurso.

Há uma margem muito ampla para uma melhora significativa do desempenho dos gestores da água, desde as agências que atribuem e supervisionam a conservação dos recursos hídricos, até as que respondem pela distribuição da água nas cidades, seu uso na agricultura, energia hidrelétrica, turismo e outros setores.

No entanto, para responder de modo eficaz aos desafios da gestão da água, as soluções deveriam ser analisadas, aprovadas, monitoradas e reajustadas pelo nível mais alto do Estado para que se alcancem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (OSD).

O CAF sugere, em primeiro lugar, que se avalie mais criteriosamente a ampliação de infraestruturas de base, especialmente nos casos de níveis altos de demanda e perda de água. Ao mesmo tempo, é necessário fortalecer a gestão da infraestrutura principal – e da rede – com a gestão integrada dos recursos hídricos. Além disso, é preciso aperfeiçoar continuamente a calibração dos modelos de simulação de transbordamento em diversos cenários climáticos, o que permite realizar projeções para uma melhor tomada de decisões. Quanto à concepção e implementação de políticas públicas, é preciso enfatizar especialmente a prioridade da gestão da água subterrânea – que para 40% das cidades é a fonte mais importante de água – e a proteção das áreas de recarga dos aquíferos.

Todas essas sugestões, bem como soluções, propostas pelo CAF, por organizações não governamentais, multilaterais e representantes dos governos da região, serão discutidas no próximo Fórum Mundial da Água, de 18 a 23 de março, na cidade de Brasília, Brasil.

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