Grande Chaco: inovação social para superar a pobreza

A Iniciativa Chaco Trinacional está levando o desenvolvimento sustentável e a inovação social a uma das regiões mais pobres e ecologicamente sensíveis da América Latina.

04 de outubro de 2018

O Grande Chaco Americano representa a maior floresta seca contínua do mundo. Um vasto ecossistema que ocupa grandes extensões do norte da Argentina, Bolívia e Paraguai. A vida é dura no Chaco. É uma região remota na qual longos períodos de seca se alternam com fortes inundações. Longe dos principais polos de desenvolvimento dos respectivos países, ela tem um deficit importante de serviços públicos e infraestrutura de transporte. As oportunidades econômicas são limitadas e o índice de necessidades básicas insatisfeitas supera a média nacional nos três países.

Até relativamente pouco tempo, a própria localização remota do Chaco ajudou a proteger esse frágil ecossistema. No entanto, nos últimos anos tornou-se uma área-chave da expansão agrícola e pecuária, muitas vezes com consequências infelizes como o desmatamento e a ameaça à biodiversidade.

Mas essa realidade pode ser vista com mais otimismo hoje, graças, em grande parte, à Iniciativa Trinacional no Grande Chaco: Conservação e Desenvolvimento Econômico, que conseguiram melhorar a geração de renda, a segurança alimentar, o acesso a água potável e a sustentabilidade ambiental de numerosas comunidades da área.

A Iniciativa Chaco Trinacional começou em 2013 com o apoio do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, do Fundo Francês para o Meio Ambiente Mundial e de outros aliados. Liderada por três organizações da Argentina, Bolívia e Paraguai (Fundação Pro Yungas, NATIVA e Fundação Moisés Bertoni), traçou como objetivo construir um modelo de desenvolvimento que permitisse melhorar as condições sociais das populações do Chaco de uma forma ambientalmente sustentável. Depois de anos de trabalho, foram estabelecidas alianças com instituições locais, nacionais e internacionais dos três setores. Em conjunto, foi construída uma visão compartilhada de futuro para o Chaco como ecorregião trinacional a ser administrada sem fronteiras nacionais para garantir sua prosperidade e sustentabilidade ambiental.

“Essa iniciativa nos permitiu demonstrar que, trabalhando lado a lado com as comunidades, é possível superar a pobreza e gerar melhores oportunidades de vida para as populações vulneráveis. Agora, a ideia é escalar com a ajuda de todos os modelos que tiveram sucesso”, assegura Ana Mercedes Botero, diretora de Inovação Social do CAF.

Nesse sentido, a continuidade do projeto está garantida com a recente aprovação de um financiamento de 1,5 milhão de euros pela União Europeia.

Botero explica que o apoio da agência multilateral esteve focado no financiamento de pequenos projetos comunitários baseados em modelos de alto impacto adaptados às condições locais, e que possam ser replicados em todo o território chaquenho. Os resultados são promissores e geraram um efeito demonstrativo importante. A entrega de filtros de água limpa a 1.600 famílias, que foram capacitadas em seu uso e manutenção, teve como resultado uma redução de 80% na incidência de diarreia e de outras doenças nas crianças, e a instalação de 45 hortas comunitárias contribuiu para melhorar a nutrição em várias comunidades.

O fortalecimento de atividades como a apicultura, o artesanato e o turismo, com melhorias em produção e comercialização, contribuíram no aumento de renda de mais de 600 famílias. E no campo da pecuária, a difusão de boas práticas por meio de assistência técnica e capacitação a 400 famílias de pequenos produtores demonstrou que é possível melhorar a renda e, ao mesmo tempo, diminuir o impacto ambiental.

 

 

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