Igualdade de gênero: eixo transversal do CAF

Com o objetivo de reduzir as desigualdades que afetam as mulheres de todo o continente, CAF trabalha na elaboração de um documento que somará a perspectiva de gênero a todas as suas intervenções. Para integrar todos os olhares, a entidade bancária convocou um debate com representantes de diversas organizações locais e internacionais.

04 de abril de 2016

CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- elaborou um plano estratégico que incorpora um enfoque transversal de gênero para todas as suas operações, sejam internas, de apoio aos países, financiamento de projetos ou assistência técnica. Neste contexto, o banco promoveu um debate sobre "A igualdade de gênero e o desenvolvimento na América Latina", realizado no Centro Cultural da Espanha.

Gladis Genua, diretora-representante do CAF no Uruguai, responsável pela abertura e pelo encerramento do evento, informou que, no contexto da promoção da igualdade de gênero, o banco está trabalhando em projetos de inclusão financeira de mulheres que são chefes de família. Também anunciou que, junto com a ONU Mulheres, o Sistema das Nações Unidas e o Instituto Nacional das Mulheres (Inmulheres), CAF está elaborado um projeto que será lançado em breve sobre educação e igualdade de gênero para crianças e jovens através do esporte.

Por sua vez, Violeta Domínguez, coordenadora da Unidade de Inclusão e Igualdade de Gênero do CAF, afirmou que o escritório do CAF no Uruguai foi o primeiro que se uniu à iniciativa de promover atividades que permitam a integração de uma perspectiva de gênero nas operações do banco.

"Somos um banco, um banco de desenvolvimento e, por isso, temos a obrigação de abordar as questões que afetam a sociedade e não podíamos deixar de lado a igualdade de gênero", explicou Domínguez. A representante do CAF afirmou que neste projeto serão abordadas questões de direitos, violência, participação e liderança, mas especialmente assuntos de empoderamento econômico da mulher.

"Investir nas mulheres é uma decisão inteligente, já que economizam mais do que os homens, são melhores pagadoras e suas rendas priorizam a família e a sociedade", argumentou Domínguez. "Apesar de a integração feminina ter melhorado na região, ainda não é fácil colocar a seu alcance opções de crédito, já que apenas 54% das mulheres economicamente ativas e em idade laboral estão incorporadas ao mercado trabalho, e se vamos para áreas rurais esse número é ainda menor", continuou. "Na América Latina apenas 10% das mulheres no setor rural podem ter acesso a um crédito".

A especialista explicou que para colaborar para uma mudança é necessário que CAF incorpore a perspectiva de gênero em seus projetos.

"Devemos permitir que as mulheres e meninas estejam nos planos do início até o fim de todas as nossas operações, seja qual for o projeto", disse Domínguez. "Além disso, temos que ensinar às mulheres como utilizar os serviços bancários e criar ferramentas para que iniciem empreendimentos produtivos".

O debate também reuniu representantes de várias organizações locais e internacionais que trabalham para promover a igualdade de gênero, incluindo Magdalena Furtado, diretora da ONU Mulheres, que saudou a iniciativa do CAF e destacou a importância de que um banco de desenvolvimento adicione essas políticas aos seus projetos. Furtado disse que os países com maior igualdade de gênero estão na vanguarda no que diz respeito ao desenvolvimento, segundo a classificação do Fórum Econômico Mundial. "A aplicação de políticas e intervenções neutras nas economias têm como consequência que a desigualdade se perpetue", declarou.

Já Nohelia Millán, representante do Inmujeres, elogiou o projeto do CAF e discursou a respeito das políticas de gênero que estão sendo realizadas no país, além de destacar que o que ainda falta para ser solucionado no Uruguai não se deve à falta de vontade ou compromisso do governo, mas devido à escassez de recursos financeiros.

Por último, Denise Cook, coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas e representante residente do PNUD afirmou que "sem pensar nas mulheres não se pode falar de desenvolvimento real".

Em sua apresentação, Cook analisou a situação regional em matéria de igualdade de gênero e relembrou algumas das suas experiências durante os 30 anos que trabalha com a questão. "A situação mudou muito e é preciso pensar em termos de progresso", afirmou com otimismo.

As quatro participantes do debate concordaram que os principais pontos que devem ser solucionados quanto à igualdade de gênero são o empoderamento econômico das mulheres, a participação feminina no mercado de trabalho e na política, além da violência de gênero. Segundo as palestrantes, a região melhorou nos últimos anos, mas a diferença entre homens e mulheres ainda é grande, já que continua existindo uma segregação vertical em termos laborais e uma grande diferença salarial. Os dados mostram que as mulheres ganham 24% menos que os homens no mesmo cargo.

Ricardo Ramón Jame, diretor do Centro Cultural da Espanha, que atuou como moderador do debate, ressaltou os projetos que o centro realiza para assegurar a igualdade de gênero na arte e na cultura.

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