Líderes latino-americanos destacam a necessidade de tornar a integração regional uma realidade durante a XVIII Conferência CAF

Mais de 1.000 líderes políticos, empresários e acadêmicos participaram de uma conferência de dois dias para abordar os principais desafios e tendências que afetam a América Latina, desde a produção energética até a inovação social e a integração regional

04 de setembro de 2014

No segundo dia da XVIII Conferência CAF, líderes políticos, reconhecidos empresários e acadêmicos da América Latina e de outras regiões fizeram um apelo para a integração, argumentando que há uma grande oportunidade a ser aproveitada.

O orador principal da sessão matutina foi Enrique Iglesias, ex-secretário-geral ibero-americano, que destacou que a combinação das economias latino-americanas chega aos $7 trilhões de dólares. "A América Latina pode aproveitar este mercado poderoso", ressaltou Iglesias, propondo que a América Latina deve se concentrar na criação de cadeias de fornecimentos, no aumento da produtividade e na competitividade a nível global.

"Nossos mercados são a principal oportunidade da América Latina, mas para poder aproveitar essa chance é necessário que se produza uma integração regional séria", declarou José Antonio Ocampo, ex-ministro da Fazenda da Colômbia, durante seu discurso em uma palestra que teve como tema central as perspectivas econômicas da América Latina e que foi moderada pelo presidente-executivo do CAF, Enrique García.

Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Mario Bergara, ministro de Economia e Finanças do Uruguai, João Carlos Ferraz, diretor-geral do Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil, Jorge Familiar, vice-presidente para a América Latina e Caribe do Banco Mundial, e Alejandro Werner, diretor do departamento de Assuntos Hemisféricos do Fundo Monetário Internacional, também participaram deste debate.

Os participantes desta palestra concordaram que a região deve crescer a um ritmo mais rápido. "Se continuarmos a crescer 3% por ano, nunca fecharemos a lacuna entre a América Latina e os países industrializados", disse Enrique García, presidente-executivo do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina.

O Haiti foi o tema central deste segundo dia de debates. Marie Carmelle Jean-Marie, ministra de Economia e Finanças do Haiti, compartilhou um panorama dos esforços de recuperação de sua nação após o devastador terremoto de 2010, mas destacou que o Haiti deve se afastar do que considerou como um modelo falido de dependência humanitária.

"O Haiti não é um Estado falido; esta noção é absolutamente errada", disse Jean-Marie. "Devemos ver o Haiti como um estado em recuperação", continuou a ministra, acrescentando que o país pretende se converter, em médio prazo, em uma economia aberta aos mercados internacionais e uma economia cujos riscos são proporcionais aos retornos de investimentos. "Nosso objetivo é ser uma economia emergente em 2030".

A ministra destacou que, em matéria econômica, o investimento internacional no Haiti aumentou 20% e o investimento privado em 30%. Também destacou as conquistas nas áreas de educação, com uma escolaridade primária que chega a 84%.

Jean-Marie agradeceu a ajuda que recebeu da comunidade internacional e de organizações como o CAF. A ministra reconheceu que essas conquistas não teriam sido possíveis sem esse apoio. Além disso, anunciou a futura criação de um fundo de investimento destinado a projetos economicamente viáveis de infraestrutura, agroindústria e turismo. Destacou também que com estes projetos será possível enfrentar um dos principais desafios que o Haiti ainda enfrenta: uma taxa de desemprego que chega a 40%.

Os palestrantes debateram questões como as mudanças na matriz energética da América Latina e os desafios do hemisfério da região ao se completar 20 anos da primeira Cúpula das Américas.

Com um reconhecimento à crescente influência das mulheres foi encerrada esta conferência, que contou com mais de 1.200 líderes de opinião, políticos e empresários que se reuniram em Washington, D.C., para debater e analisar os desafios, as tendências econômicas e políticas e as questões mais relevantes da América Latina.

O evento anual é organizado pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, pelo Diálogo Interamericano e pela Organização dos EstadosAmericanos (OEA).

 

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