Líderes regionais pedem uma nova relação entre EUA e América Latina

  • Na XVI Conferência Anual da CAF, foram discutidas as relações entre os Estados Unidos e a região, além das questões que afetam o desenvolvimento da América Latina.
  • No primeiro dia, na cidade de Washington DC, participaram importantes líderes regionais, ex-dirigentes, funcionários e especialistas.

07 de setembro de 2012

(Washington, 6 de setembro de 2012) Com uma chamada para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu adversário republicano Mitt Romney para que a América Latina tenha um maior protagonismo em suas políticas, teve início em Washington a XVI Conferência Anual CAF, que conta com a participação de mais de 400 líderes políticos latinoamericanos e norteamericanos, funcionários de organismos internacionais, empresários renomados, membros da comunidade financeira, acadêmicos, jornalistas e analistas políticos. "Neste momento da campanha eleitoral nos Estados Unidos, acho que, independentemente de quem ganhe a eleição, democratas ou republicanos, deve haver uma nova abordagem nas relações hemisféricas, que hoje estão bastante debilitadas em comparação a décadas passadas", disse Enrique García, presidente-executivo da CAF - banco de desenvolvimento da América Latina -, em seu discurso inaugural. "Ser aliado não significa uma relação de subordinação onde um país maior vai ao país menor lhe dizer o que fazer, mas uma política de parceiros", afirmou.

No primeiro dia do evento, que se tornou um verdadeiro fórum de discussão entre líderes regionais sobre os principais problemas e desafios hemisféricos, um painel de especialistas dos quatro continentes debateu sobre a ascensão dos países emergentes do "Sul" e como esse fenômeno afeta a reconfiguração do equilíbrio de poder mundial e as relações econômicas e comerciais.

Já o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, reivindicou a busca por um próprio caminho para o desenvolvimento da região.

"Nós temos que mostrar que a relação entre os Estados Unidos e a América Latina pode ser melhor ou pior, mas não pode ser igual ou similar à que tínhamos 30 anos atrás, porque a região mudou muito e atualmente busca seu próprio caminho para além de uma relação puramente hemisférica. Se queremos renovar o panamericanismo, temos que encontrar uma agenda clara em questões que são propriamente hemisféricas por natureza e deixar que os países sigam seu caminho naquelas que não são puramente hemisféricas", afirmou.

Em seu discurso como orador principal, o ex-presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, destacou os desafios que continuam pendentes na região. "Apesar de não ter sentido tanto como a Europa o impacto da crise econômica, temos que aproveitar esses momentos de bonanças para converter o modelo de economia primária exportadora da América Latina em uma economia diversificada."

Michael Shifter, presidente do Diálogo Interamericano, um think tank em Washington, DC., que organiza a Conferência Anual da CAF, reiterou a importância de trocar conhecimento sobre a região. "O desafio para o desenvolvimento da região é grande e compartilhado. Na América Latina e no Caribe não faltam iniciativas interessantes e inovadoras para o desenvolvimento, o que acontece é que são poucas as oportunidades nas quais o conhecimento, lições e resultados são compartilhados."

A Conferência Anual da CAF procura incentivar a reflexão sobre todos os aspectos que influenciam no desenvolvimento da região. Entre os temas abordados estão as eleições nos Estados Unidos e seu impacto na América Latina, os desafios pendentes para o desenvolvimento sustentável e a visão dos novos líderes sobre as problemáticas que afetam atualmente a região, como o tráfico de drogas, violência e a criminalidade transnacional. O encontro de hoje contará com a presença do ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, que falará sobre as perspectivas das relações interamericanas.

A missão da CAF é promover o desenvolvimento sustentável e a integração da América Latina, por meio da implementação de uma agenda global de desenvolvimento, onde a organização fornece financiamento e conhecimento nas áreas de infraestrutura, energia, desenvolvimento social, sustentabilidade ambiental, apoio aos setores produtivos e fortalecimento institucional.

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