“Não podemos dissociar o meio ambiente das pessoas que cuidam da terra”

Em um painel de discussão realizado na COP27, no Egito, sobre os efeitos das mudanças climáticas nas comunidades afrodescendentes, o líder comunitário de Chocó, Robert Francisco Asprilla, pediu a integração das políticas ambientais com as necessidades das comunidades que cuidam da terra há séculos.

15 de novembro de 2022

O debate contou com a presença de líderes comunitários da Europa, África e América Latina, representantes do setor público, especialistas internacionais, ONGs e do CAF, que está promovendo uma agenda para o desenvolvimento integral das comunidades afrodescendentes na Colômbia, na América Latina e no Caribe, com a qual pretende articular o trabalho de atores-chave para superar as atuais lacunas socioeconômicas.

“Não podemos dissociar o meio ambiente das pessoas que cuidam da terra. E não queremos petróleo em nosso território. Também precisamos fazer um esforço para remover o mercúrio dos rios”, declarou Robert Francisco Asprilla.

Alicia Montalvo, gerente de Ação Climática e Biodiversidade do CAF, comentou sobre o estímulo que a organização vem dando à agenda afrocolombiana e ao restante da região, especialmente em relação ao fechamento de lacunas socioeconômicas e à visibilidade de novas soluções. Em relação ao cuidado com o meio ambiente, ressaltou que as comunidades locais estão diante de uma grande oportunidade, graças às soluções baseadas na natureza. “Na América Latina e no Caribe, precisamos promover soluções baseadas na natureza, porque são uma vantagem competitiva da ação climática na região. E as soluções baseadas na natureza são soluções baseadas na comunidade”, afirmou Alicia.

Durante o painel, realizado no pavilhão da Colômbia na COP27, especialistas exploraram modelos de desenvolvimento sustentável para comunidades afrodescendentes. Francisco Canal, vice-ministro do Meio Ambiente da Colômbia, sustentou que a água é o elemento mais sólido para adaptar o território às mudanças climáticas e que é essencial que as famílias que cuidam das florestas tropicais do país sejam recompensadas. “Não há futuro sustentável se as ações não estiverem de mãos dadas com as comunidades afrodescendentes”, disse Canal.

David Lami, parlamentar pelo Partido Trabalhista Britânico, afirmou que as mudanças climáticas afetam diretamente as pessoas de ascendência africana e que “precisamos que os recursos levantados para compensar perdas e danos cheguem a todas as comunidades que sofrem os efeitos do aquecimento global”. < / p>

De acordo com Josefina Zuñiga, líder comunitária colombiana, são necessários mais investimentos técnicos e financeiros para realizar projetos turísticos e proteger a vida. “Nós carregamos a selva em nossas mentes e a água em nossos corações”, disse Josefina. Para o líder comunitário Julio Guiti, há potencial nas energias renováveis para reduzir as desigualdades na região e as ações que realizam são baseadas na pesquisa, participação e desenvolvimento integral das comunidades afrodescendentes. “Somos 150 milhões de afrodescendentes apenas na América Latina e no Caribe”, comentou Guidi.

O painel também contou com Angélica Mayolo e Marcela Ángel, pesquisadoras do MIT, que vêm desenvolvendo soluções de base tecnológica para resolver problemas ambientais, como o desmatamento de florestas. As especialistas falaram sobre a importância da inovação nas comunidades afrodescendentes e seu papel na adaptação às mudanças climáticas. 

Jimena Niño, da Associação Juntanza Étnica, explicou que “na Colômbia, apesar de quase 20% da população ser afro, não pensamos em políticas públicas com uma abordagem diferenciada, e isso significa que continuamos a nos concentrar nos problemas e não nas soluções que essas comunidades podem oferecer. Porque a biodiversidade e as populações diversas são uma oportunidade de desenvolvimento e rentabilidade”.

O CAF está promovendo uma agenda na Colômbia, na América Latina e no Caribe visando a uma maior representação das comunidades afrodescendentes no setor privado, nos governos, no ecossistema empreendedor e nas organizações internacionais. Para este fim, estamos trabalhando com figuras internacionais, como Jeffrey Sachs e o Departamento de Estado dos EUA, para garantir a viabilidade e o impacto das iniciativas. O CAF apoia a missão afro no país por meio do Programa de Prosperidade Colômbia, uma linha de crédito de USD 1,2 bilhão que beneficia os governos subnacionais e enfatiza a redução da pobreza e a adaptação às mudanças climáticas.

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