Negócios verdes: aposta do Canal do Panamá em que todos ganham

Em um mês será lançado o esquema de reconhecimento para os navios amigáveis com o meio ambiente e o roteiro com o que se reduzirá a pegada de carbono do Canal, entre outras iniciativas que surgiram de um trabalho conjunto entre o CAF e a ACP.

15 de junho de 2016

O meio ambiente é um dos principais vencedores com a ampliação do Canal do Panamá. Mover mais carga com menos navios é apenas um dos benefícios para o planeta e para a economia, mas o potencial dos negócios verdes é enorme e, através de uma cooperação técnica não reembolsável do CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) já tem preparado o esquema de benefícios com o que todos ganham.

Através de uma consultoria financiada pelo CAF, primeiro se calculou a pegada de carbono da operação do Canal em 2013 sob os padrões doGreenhouse Gases Protocol; assim, os indicadores-base foram fixados para servir de ponto de partida. Em seguida, a ACP recebeu treinamento para que seus funcionários se encarregassem de medir a pegada de carbono anual de maneira autônoma. Além disso, algumas iniciativas que vão agregar valor ao projeto de passagem de embarcações de alto desempenho ambiental foram propostas.

Com este diagnóstico, a ACP vai fortalecer a estratégia da Rota Verde do Canal através da elaboração do Plano de Redução da Pegada de Carbono em 10 anos, a avaliação, o desenvolvimento e a execução de novos projetos de geração energética; a avaliação das medidas de eficiência e a redução do consumo; a implantação de projetos-pilo de autogeração com energia solar e/ou eólica; o fortalecimento da campanha de conscientização, assim como treinamentos do pessoal da ACP para internalizar o conceito de pegada de carbono, como se determina, e como todos nós podemos contribuir para reduzi-la, entre outras iniciativas.

"O desenvolvimento sustentável é um dos objetivos do CAF; por isso, além de financiar com USD 300 milhões as obras de ampliação do Canal, contribuímos com conhecimento e ferramentas para que sejam os próprios  panamenhos os que promovam a conservação do meio ambiente e premiem aqueles que realizem as melhores práticas para reduzir a pegada de carbono e as emissões de gases de efeito estufa", explicou Enrique García, presidente-executivo da instituição.

O reconhecimento dos navios de alto desempenho ambiental será feito com base nos esquemas do "Green Connection". Serão reconhecidos os navios que cumpram com os seguintes parâmetros: o índice de elaboração de eficiência energética (EEDI por sua sigla em inglês); o índice ambiental de navios (ESI por sua sigla em inglês); os padrões de motores de baixa emissão de óxidos de nitrogênio (NOx) e a utilização de Gás Natural Liquefeito (GNL) como combustível.

"Os navios neopanamax que transitarão pela nossa Rota Verde serão mais eficientes no uso de combustíveis e na sua locomoção, o que ajudará a reduzir as emissões e outros compostos poluentes", ressaltou Jorge Luis Quijano, administrador do Canal do Panamá. "A Rota Verde do Canal do Panamá -com o seu canal ampliado- promoverá a possibilidade de continuar diminuindo ainda mais as distâncias e reduzindo as emissões de dióxido de carbono CO2", continuou. "Estes fatos contribuem e delineiam as novas perspectivas do Canal do Panamá, tanto em suas operações como na promoção do desenvolvimento sustentável".

Tendo como exemplo a rota entre Xangai, na China, e Nova York, nos Estados Unidos, um navio neopanamax de 8.000 contêineres viaja 10.582 quilômetros se utiliza o Canal do Panamá, enquanto que percorreria mais 2.000 quilômetros se usasse o Canal de Suez. Com menos viagens, o navio economiza combustível e deixa de produzir cerca de 1.342 toneladas de dióxido de carbono, algo como a mesma poluição que produziriam 5.800 caminhões que percorressem uma distância de 97 quilômetros cada.

De acordo com estatísticas oficiais, nos últimos 100 anos, a Rota Verde do Canal do Panamá tem proporcionado uma redução de 650 milhões de toneladas de dióxido de carbono, aproximadamente. Com sua ampliação, estima-se que a rota através do Canal do Panamá reduzirá mais de 160 milhões de toneladas de CO2 nos primeiros 10 anos de operação. O cálculo dessas emissões ajudará na escolha de rotas, não apenas com base de variáveis de ??custos, mas também com base em fatores ambientais, o que colocará o Panamá como uma via predominante.

O apoio do CAF na ampliação do Canal do Panamá é integral e inclui financiamento, conhecimento e assessoria em logística, agroindústria e sustentabilidade ambiental, entre outros. Com isso, visa promover o desenvolvimento e a transformação produtiva de todas as regiões do Panamá.

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