O desafio do ensino técnico é gerar competências e habilidades

Parcerias público-privadas, esquemas de coordenação no setor público e o desenvolvimento de competências transversais são três dos fundamentos para o ensino técnico e a formação profissional na região

22 de junho de 2015

A proporção da força de trabalho que está indevidamente treinada chega a 37,5% no Peru, fazendo com que os desafios das instituições de ensino técnico sejam enfrentar a informalidade e criar capacidades para promover processos de formalização, tanto em nível do trabalhador como das empresas.

É o que afirma o relatório: "Educação Técnica e Formação Profissional na América Latina: o desafio da produtividade", apresentado por Diana Mejía, especialista sênior de Políticas Públicas e Competitividade do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, como parte da sua participação na Conferência CADE pela Educação, evento organizado pelo IPAE para promover a reflexão e a criação de propostas para que o setor educativo garanta alinhar a formação oferecida às necessidades do mercado de trabalho, a fim de garantir o crescimento sustentado do país.

O estudo regional do CAF afirma que a proporção da força de trabalho inadequadamente capacitada na Costa Rica chega a 48,7%; na Colômbia a 47,7%; na República Dominicana a 45,8%; no Paraguai a 43,5%; no Equador a 43,2%; na Argentina a 42,5%; em El Salvador a 39,9%; no Peru a 37,5%; na Bolívia a 37,1%; no Brasil a 34,6% e no México a 32%.

De acordo com dados do Banco Mundial citados no estudo do CAF, quase 37% das companhias na América Latina acredita que encontrar uma força de trabalho com formação adequada é um dos seus principais obstáculos.

A especialista do CAF acredita que a cobertura da educação melhorou positivamente na América Latina nos últimos 30 anos. No entanto, ainda há uma defasagem em termos de qualidade da educação e da geração de competências e habilidades da força de trabalho perante as exigências das empresas.

"O Ensino Técnico e Profissional foi analisado tradicionalmente a partir da perspectiva das políticas educativas e trabalhistas", explicou Mejía. "No entanto, atualmente, também está sendo avaliado a partir da perspectiva das políticas de produtividade das empresas e da competitividade das economias como um aspecto fundamental do crescimento dos países", continuou. "Na América Latina, Chile, Brasil e Peru, assim como Colômbia, Panamá, Costa Rica e México, parecem estar na liderança".

No entanto, Diana Mejía argumenta que os sistemas de formação profissional ainda são insatisfatórios porque não foram adaptados às necessidades das empresas já que, por um lado, estas enfrentam dificuldades para contratar funcionários e melhorar sua operação e produtividade, devido à falta de uma força de trabalho com as habilidades e experiência adequadas e, por outro, as empresas oferecem pouco ou nenhum treinamento.

"É necessário promover a formação para o trabalho e o ensino técnico como uma política de Estado, com o objetivo de melhorar a competitividade e o desenvolvimento do país", disse Mejía. "Encontramos uma relação positiva entre o investimento no capital humano e o crescimento econômico; novas habilidades e competências do recurso humano resultam em uma melhoria da produtividade e, portanto, aumenta a competitividade das empresas até impactar o nível macroeconômico".

A especialista do CAF ressaltou que para promover esta iniciativa é necessário que recursos sejam destinados para o fornecimento de equipamentos às instituições de ensino e para a manutenção da infraestrutura. Assim, favorece-se a formação de um capital humano que atenda às exigências da competitividade da região, por exemplo, na criação de produtos inovadores com maior valor agregado ou que contribuam em processos mais complexos na transformação desses produtos.

Mejía mencionou que no estudo se recomenda a integração do sistema educativo com o de capacitação, quer dizer, integrando os currículos para que inter-relacionem a formação inicial, a contínua, a formação de adultos e a formação informal, assim como coordene a formação de professores de ambos os sistemas, entre outros.

"É importante criar esquemas de coordenação dentro das entidades do setor público que estejam relacionadas com o ensino técnico e a formação profissional", explicou a especialista, que recomendou o estabelecimento de parcerias público-privadas que possam gerar incentivos para a participação ativa do setor privado.

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