CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
06 de março de 2017
Está mais do que comprovado que a plena participação das mulheres na vida pública -de atividades econômicas e políticas até legais- possui enormes benefícios para todas as sociedades.
Na verdade, se não tivesse sido pela incorporação de 70 milhões de mulheres ao mercado laboral nos últimos 20 anos, dificilmente hoje poderíamos falar do milagre econômico latino-americano, aquele que alcançou taxas de crescimento médio de cerca de 5% entre 2002 e 2008, e que paralelamente reduziu drasticamente a pobreza extrema e permitiu que a classe média crescesse a níveis históricos.
Devido ao potencial das mulheres para dinamizar a economia dos países, parece evidente que apostar na sua capacitação econômica é uma forma eficiente e segura de garantir taxas de crescimento sustentáveis. Mas, na América Latina, onde apenas 50,3% das mulheres participam em atividades econômicas (os homens registram 78,9%), ainda há um longo caminho a percorrer.
Atualmente persistem as barreiras sociais, econômicas e legais que impedem as mulheres de alcançar todo o seu potencial e participar de forma plena na vida pública. Por exemplo, na América Latina, as mulheres ocupam apenas uma quarta parte dos cargos públicos dos poderes estatais (Executivo, Legislativo e Judicial), enquanto que em países como Finlândia, Islândia, Holanda e Suécia sua representação parlamentar chega a 40%. Além disso, podem ganhar até 19% menos do que os homens que desempenham um mesmo trabalho.
"A dependência econômica e ganhos insuficientes são dois dos fatores que mais afetam a permanência das mulheres em situações de violência e na perpetuação das desigualdades", disse Violeta Domínguez, coordenadora da unidade de gênero do CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina. "Por isso, para combater eficientemente as desigualdades de gênero na América Latina é imprescindível apostar no empoderamento econômico das mulheres".
Neste sentido, a organização multilateral está a promovendo ações para que as mulheres melhorem a sua autonomia econômica e as suas capacidades de liderança, outro elemento que deveria ser estabelecido como um agente de mudança social, econômica e política. As iniciativas concentram-se na promoção e criação de mais produtos para aumentar a alfabetização financeira entre as mulheres e na criação de programas de empreendedorismo para incentivar que tenham sua própria renda.
De todos os modos, os especialistas coincidem que é imprescindível adicionar ações legais e políticas às medidas de empoderamento econômico e de liderança das mulheres. Em outras palavras, é necessário se concentrar na sua autonomia econômica, física e política. Embora 20 países da América Latina e do Caribe tenham leis de violência contra as mulheres, apenas oito alocam recursos específicos em seus orçamentos nacionais. Além disso, 14 países criminalizaram o crime de feminicídio, mas apenas dois o estabeleceram como um homicídio qualificado por razões de gênero.
"Os governos, as empresas e a sociedade civil deverão trabalhar em conjunto para que as medidas sociais, econômicas, jurídicas e legais que atualmente são executadas sejam eficientes e tenham um impacto positivo em todas as esferas sociais e políticas", explica Domínguez.
Há vários exemplos no mundo de como as desigualdades de gênero podem ser reduzidas. Entre os mais destacados estão estabelecer cotas de participação em espaços de tomada de decisões tanto no âmbito político como no econômico; gerar sistemas de financiamento dirigidos à formação política das mulheres para garantir a sua capacidade de assumir papéis de liderança; ou incentivar regulamentações para que partidos políticos incluam a paridade de gênero em suas estruturas organizacionais internas.
O problema da desigualdade de gênero afeta não apenas as mulheres, mas sim todo o conjunto da sociedade, da economia e do desenvolvimento dos países. Por esta razão, se desejamos que a América Latina seja uma região democrática e igualitária no futuro próximo, será imprescindível conscientizar todos os cidadãos sobre a importância da igualdade de gênero.
19 de novembro de 2024
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