CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
28 de dezembro de 2015
Durante séculos, os pescadores da costa norte do Peru notaram, perto do Natal, o surgimento águas superficiais relativamente mais quentes do que o normal. Deram a este fenômeno o nome de El Niño, referindo-se à chegada do Menino Jesus.
O fenômeno El Niño e o subsequente denominado La Niña, conhecidos atualmente como El Niño Oscilação Sul (ENOS), são eventos hidrometeorológicos recorrentes que aparecem de forma irregular, mas normalmente ocorrem a cada 2 a 7 anos. O ENSO consiste na interação das águas superficiais do Oceano Pacífico tropical com a atmosfera, afetando os equilíbrios hídricos da superfície até situações extremas. Na sua fase quente se conhece como El Niño e na sua fase fria como La Niña. O El Niño também provoca mudanças nos padrões de vento, pressão e temperatura, e sua intensidade é severa, podendo impactar os cinco continentes.
O setor elétrico da região está exposto aos efeitos deste fenômeno e, consequentemente, compromete o desenvolvimento produtivo dos países. A seguir veremos brevemente os principais riscos para os sistemas elétricos da região na presença do fenômeno El Niño.
O El Niño afeta com seca o Caribe, a Colômbia, o nordeste do Brasil e a Venezuela
O déficit de chuvas dá origem a secas, impactando severamente as bacias hidrográficas. O efeito mais visível que se produz sobre os setores elétricos desses países é que a indisponibilidade de água nos reservatórios afeta gravemente sua capacidade de geração hidroelétrica, a principal fonte de geração na Colômbia, Brasil e Venezuela. Além disso, registram-se altos níveis de erosão e, portanto, a falta de água facilita que a geração de incêndios afete grandes áreas de vegetação, principalmente em lugares onde se localiza a infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia eléctrica.
Na Colômbia, por exemplo, a costa caribenha tem presenciado durante mais de um ano intensos períodos de seca que não impactou somente o cenário de baixa hidrologia. Nesta situação registram-se aumentos na geração termoelétrica a base de combustíveis fósseis, o que, por sua vez, pressiona as tarifas de eletricidade, chegando até mesmo a ocorrer uma insuficiência na capacidade logística para importar e armazenar combustível suficiente para atender às necessidades elétricas e de mobilidade das pessoas.
O El Niño afeta com inundações o Peru, o sul do Brasil, Paraguai, Uruguai, Equador, Bolívia e Argentina
Ao sul do continente sul-americano o El Niño produz um aumento extremo nas precipitações, causando fortes crescidas dos rios.Por exemplo, o Rio Paraná, um dos maiores da América do Sul, em que existem duas represas de importância primordial, Yacyretá e Itaipu, tem visto seu fluxo médio duplicar em 2015, deixando famílias desabrigadas e populações em estado de alerta.
Estas precipitações representam um risco perante a vulnerabilidade física tanto da infraestrutura da cadeia do serviço elétrico, como das moradias e das rodovias às margens do rio. Além disso, o grau de saturação do solo (capacidade máxima do solo para absorver a água) pode causar deslizamentos de terra, avalanches de lama, choques elétricos, fortes ventanias, queda de postes de distribuição e impacto em subestações, sedimentação de reservatórios e necessidade de alívio de importantes trechos que poderiam gerar impactos às populações próximas e às infraestruturas de geração de energia.
Em geral, pode-se dizer que os riscos dos países que são afetados por inundações durante o curso do evento é a destruição da infraestrutura existente, o que representa uma perda dos investimentos realizados. Esta realidade traz uma preocupação especial quando se considera que o ENSO é um evento recorrente.
19 de novembro de 2024
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