O impacto da infraestrutura de transporte no desenvolvimento da América Latina

As infraestruturas de transporte são cruciais para melhorar a acessibilidade, reduzir o congestionamento e aumentar a produtividade na América Latina.

30 de janeiro de 2019

Sendo a América Latina uma das regiões com as maiores taxas de urbanização do mundo (cerca de 80%), é essencial identificar quais estratégias são eficazes para reduzir os custos dos congestionamentos e melhorar a acessibilidade, além de como isso pode impactar positivamente a qualidade de vida e a produtividade das populações. 

Entre as iniciativas bem-sucedidas neste campo estão o estabelecimento de estradas exclusivas para veículos com mais de um passageiro, subsídios ao custo do transporte, a implementação de sistemas de transporte de trânsito rápido, o incentivo ao uso de bicicletas e a extensão e a melhoria da rede de ruas, avenidas, rodovias, estradas, ferrovias e meios subterrâneos.

No caso de programas destinados a melhorar o transporte público, são várias as iniciativas apresentadas pela América Latina. Sistemas de ônibus de trânsito rápido, como o Transmilenio de Bogotá, o Metrobus da Cidade do México, o Metrobus-Q de Quito e o Transmilenio de Santiago, promoveram, em linhas gerais, uma redução de congestionamentos, tempos de viagem e poluição.

Em relação à infraestrutura de transporte interurbano, a evidência disponível sugere que sua criação, melhoria ou expansão teve como consequência principal a redução dos custos de transporte de pessoas e bens, uma vez que aumentam a produtividade, estimulam o comércio, a criação de empresas e a diversificação econômica, facilitam o intercâmbio regional e inter-regional e valorizam as cidades, devido ao seu crescimento.

Na região, também há experiências relacionadas ao subsídio no custo de transporte, como o Vale Transporte, do Brasil, em que os empregadores formais concedem aos seus trabalhadores um montante destinado a subsidiar o custo da viagem entre o local de residência do trabalhador e seu local de trabalho (embora nenhuma avaliação de seu efeito tenha sido encontrada).

Ao mesmo tempo, há também evidências do impacto da construção de redes ferroviárias, portos e outras obras de infraestrutura. Por exemplo: na Índia colonial, o acesso à rede ferroviária facilitou o comércio, reduziu os custos de transporte e aumentou a renda per capita nas localidades conectadas em 16%. Também no Gana colonial, o desenvolvimento desta infraestrutura teve grandes efeitos no nível da atividade econômica. E, nos Estados Unidos, o desenvolvimento de uma rede ferroviária no fim do século XIX valorizou o preço da terra nas áreas conectadas.

Por outro lado, os programas de restrição de veículos na região têm sido prejudiciais e insustentáveis ao longo do tempo, e medidas mais comuns, como “tarifas sobre congestionamento”, não foram implementadas.

Embora na América Latina algumas dessas políticas já tenham sido implementadas, como sistemas de transporte para áreas vulneráveis (por exemplo, o Metrocable) ou a introdução do compartilhamento de bicicletas, os efeitos ainda são desconhecidos. Um desafio em termos de conhecimento está relacionado ao impacto de novas plataformas tecnológicas associadas ao transporte, como o Google Maps ou o Uber, no crescimento e formação das cidades.

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