O Sul Global ganha força do norte

Trezentos líderes políticos e empresariais, analistas e acadêmicos se reúnem em Londres para abordar as atuais dinâmicas dos países emergentes e do Sul Global

16 de janeiro de 2015

A visão da América Latina começa a ser vista desde o norte em outra dimensão e "O Sul Global" deixou de ser um conceito para se tornar o tema central da II Conferência CAF- banco de desenvolvimento da América Latina- e da London School of Economics and Politicial Science (LSE), realizada na sexta-feira, em Londres.

"Prefiro um Sul Global que olha para o norte, do qual também faça parte a China e a Índia, porque estão em vias de desenvolvimento assim como a América Latina", disse o ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos, dando o tom do que seria uma jornada com uma grande presença de personalidades relevantes da política e do mundo acadêmico global.

Lagos, que foi presidente do Chile entre 2000 e 2006, falou sobre a posição da América Latina nesse cenário.

"O mundo reconheceu o papel da América Latina através do G-20, onde atualmente existem três países latino-americanos, mas será mais significativo quando cheguem com um mandato do restante dos países", declarou Lagos.

Em seu discurso de abertura, o presidente-executivo do CAF, Enrique García, disse que os problemas da América Latina têm suas raízes no que acontece no mundo. García analisou as atuais dinâmicas dos países emergentes e seu impacto na configuração da nova ordem mundial.

"O papel dos bancos de desenvolvimento, como o CAF, deve ir mais além do financiamento de projetos e iniciativas", explicou García. "Deve promover e compartilhar conhecimento para ajudar os países a implantar suas estratégias de desenvolvimento".

Os vários palestrantes discutiram desde geopolítica e mudanças dos padrões do multilateralismo, até desenvolvimento e segurança.

Entre os palestrantes estava Dan Restrepo, ex-assessor do presidente Barack Obama e diretor para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos. Restrepo reconheceu a importância do papel do México para os Estados Unidos.

"É essencial entender não apenas as relações entre o sul global e as potências tradicionais, mas entre os países do sul", declarou Restrepo.

José Antonio Ocampo, ex-ministro da Fazenda da Colômbia; Guillermo Fernández de Soto, ex-chanceler da Colômbia e diretor do escritório do CAF na Europa; Didier Opertti, ex-chanceler do Uruguai; e José Miguel Insulza, secretário-geral da OEA, também proferiram palestras durante o evento.  

Insulza falou sobre o flagelo das drogas para o campo econômico, afirmando que "tem um custo elevado para a nossa região e devemos prestar muita atenção".

"A desigualdade é o principal obstáculo para alcançar o potencial da Bacia do Atlântico", disse, por sua vez, o ex-presidente do Governo da Espanha, José María Aznar, em seu discurso de encerramento da conferência, a qual procurou promover a reflexão sobre as dinâmicas atuais dos países emergentes na configuração de uma nova ordem internacional.

O evento foi transmitido ao vivo via livestreaming e estava disponível para ser acompanhado através das redes sociais com ahashtag #CAFLSE.

Os vídeos das palestras e conferências estão disponíveis no website www.caf.com.

Assine nossa newsletter