O surgimento das multinacionais brasileiras

Na década de 1990, as empresas brasileiras apresentavam uma baixa internacionalização. Em 2000, uma onda de reformas econômicas estimulou muitas delas a aumentar seus investimentos e, portanto, sua capacidade de se expandir para os mercados internacionais

21 de outubro de 2014

Durante a década de 1980, na América Latina, houve uma onda de internacionalização que abriu as portas para a liberalização e a desregulamentação dos mercados. No entanto, no início da década de 1990, em países como o Brasil, devido à falta de um conjunto de ativos tecnológicos, administrativos e financeiros, as principais empresas do país não conseguiram competir com concorrentes de primeiro nível, o que inverteu essa tendência regional.

 Considerando seus baixos níveis de competitividade nos mercados internacionais, as empresas brasileiras decidiram se concentrar nos mercados locais, um processo que se consolidou ainda mais com os programas de privatização da década de 1990. Apenas no final desta década, começou-se a perceber uma maior participação de investidores institucionais e gestores profissionais em empresas brasileiras, aumentando os investimentos e a expansão para outros países.

No início dos anos 2000, os investimentos de multinacionais brasileiras atingiram mais de US$ 3 bilhões. Em apenas 6 anos, chegaram a US$ 19 bilhões, em parte, como resultado de fusões e aquisições de várias empresas, como Interbrew pela AmBev e INCO pela Vale.

As multinacionais brasileiras continuaram a se expandir para novos mercados aproveitando as baixas taxas de juros e o excesso de liquidez que havia no país, fazendo com que empresas como Vale, Embraer e Embraco liderassem seus respectivos setores com modelos de negócios que combinavam baixos custos com uma oferta de produtos e serviços atraentes e sistemas logísticos e informáticos adaptados às necessidades do mercado.

Hoje, muitas multinacionais brasileiras estão presentes em mercados internacionais, competindo com grandes empresas da OCDE, em uma ampla variedade de setores, tais como mineração, petróleo, siderurgia, aeroespacial, entre outros. A publicação "Empresas Multinacionais Latino-americanas" investiga com mais profundidade vários desses casos bem-sucedidos de multinacionais brasileiras.