O universo FinTech na América Latina, chave para o desenvolvimento da próxima década

Promover o trabalho entre empresas FinTech e bancos tradicionais ajudaria a aumentar a produtividade e incluir setores vulneráveis da população nos sistemas financeiros, segundo um novo relatório.

09 de dezembro de 2016

A tecnologia aplicada a novas e tradicionais empresas financeiras tem o grande potencial de aumentar a produtividade, melhorar a proteção ao consumidor e estender a inclusão financeira a setores vulneráveis da América Latina, segundo o relatório La revolución de las empresas FinTech y el futuro de la banca (A revolução das empresas FinTech e o futuro dos bancos), elaborado pelo CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina.

A publicação assegura que o setor das empresas FinTech  tem um potencial disruptivo com relação à indústria bancária, uma vez que aproveita melhor as novas tecnologias para entender o cliente e superar ineficiências operacionais, o que permite que essas empresas atendam grupos da população tradicionalmente esquecidos pelos bancos.

De acordo com o relatório, o setor FinTech, composto por novos empreendimentos e startups, por gigantes da tecnologia como Amazon, Samsung, Vodafone ou Alibaba e pelos bancos tradicionais, é pouco conhecido na América Latina. Embora existam empresas FinTech operando em vários países - algumas obtiveram financiamento de fundos de capital de risco fora da região - existem barreiras importantes para a adoção generalizada dos serviços FinTech, entre as quais se inclui a velocidade de transmissão de dados ou a penetração dos bancos e dos meios de pagamento tradicionais. No entanto, o uso massivo da telefonia móvel e a alta porcentagem de pessoas não bancarizadas ou não atendidas pelos bancos tornam a região um terreno fértil para a disrupção nos próximos anos.

"Os governos terão muito a dizer sobre como se desenvolve o setor financeiro, especialmente no que se refere ao crescimento do setor, à promoção da modernização dos bancos e ao fomento à concorrência. Essas políticas públicas deverão ser encaminhadas de forma a gerar maior inclusão financeira de todos os cidadãos e potencializar o crescimento econômico em médio e longo prazos", explica Juan Carlos Elorza, diretor de desenvolvimento produtivo e financeiro do CAF.  

Segundo Elorza, os bancos de desenvolvimento podem ter um papel de destaque no incentivo às empresas FinTech e nas melhorias da estrutura financeira tradicional, especialmente por meio da geração de conhecimento e da sistematização e disseminação de boas práticas por parte de empresas e governos.  

A publicação afirma que a América Latina tem um longo caminho a percorrer para desenvolver seus sistemas financeiros de forma bem sucedida e, por esse motivo, é importante começar a implementar regulamentações em nível governamental e melhores práticas de inovação nas empresas, sobretudo nas instituições financeiras, para que possam manter-se à frente e resguardar sua vantagem competitiva no longo prazo.

Em nível global, o investimento no setor financeiro obteve um crescimento histórico em 2015, alcançando 19 trilhões de dólares, cerca de 15 trilhões a mais do que em 2013. Esse financiamento se dividiu em empréstimos (46%), pagamentos (23%) e gestão de fundos (10%). De qualquer forma, de acordo com a publicação, o setor FinTech ainda é pequeno em países desenvolvidos como os Estados Unidos, em que ocupa 1% do mercado, embora todas as projeções indiquem que esse setor crescerá exponencialmente nos próximos anos. 

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