Oportunidades de investimento para atender à crescente demanda em aeroportos da América Latina até 2040

Os investimentos estimados para aumentar a capacidade do setor no período 2016-2040 chegam a um total de US$ 53,15 bilhões a preços de 2016, segundo um estudo realizado pelo CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - para contribuir à definição de uma agenda estratégica que promova a produtividade da região no longo prazo. Esse foi um dos temas abordados na Conferência do CAF: Infraestrutura para a integração da América Latina, realizada em Madri, Espanha.

26 de junho de 2018

O setor aeroportuário da América Latina e do Caribe registrou um crescimento médio de 8% ao ano no tráfego de passageiros na década 2006-2015, duplicando o volume de tráfego de 162 milhões de passageiros por ano (Mpax-ano) em 2006 para 322 Mpax em 2015, sem efeitos de dupla contagem. O setor beneficiou-se com o crescimento econômico na região, juntamente com a internacionalização das economias e a crescente demanda turística da América do Norte e da Europa.

A aviação na América Latina e no Caribe gera um impacto econômico direto de mais de US$ 37,5 bilhões anuais e um impacto total de mais de US$ 152 bilhões, representando 5% da contribuição dessa indústria em escala mundial. Além disso, o setor mantém mais de 4,9 milhões de empregos totais anualmente

A fim de identificar mais detalhadamente as necessidades de investimento aeroportuário na região para contribuir com a definição de uma agenda estratégica que impulsione a produtividade no longo prazo na América Latina e no Caribe, o CAF - banco de desenvolvimento da América Latina - apresenta o estudo Análise de investimentos aeroportuários na América Latina até 2040. O cenário-base das projeções realizadas para a região prevê um crescimento médio do tráfego aéreo de passageiros de 5,2% ao ano, passando dos atuais 322 milhões de passageiros a 1,1 bilhão de passageiros em 2040, triplicando o volume em 25 anos.

A América Latina e o Caribe são mercados com grande potencial de crescimento e menor tamanho relativo em comparação com regiões mais avançadas como a América do Norte (27,5%) e a Europa (30,2%). A capacidade aeroportuária atual atinge 741 Mpax (incluindo partidas e chegadas, sem contagem dupla).e estima-se que será necessária uma capacidade de 1,727 bilhão de passageiros ao ano por volta de 2040. Os principais investimentos devem ser feitos na região Andina (341 Mpax; 34,6%), no Brasil (260 Mpax; 26,3%) e no México (229 Mpax; 23,2%), afirmou Rafael Farromeque, especialista sênior da Vice-presidência de Infraestrutura do CAF e autor do relatório.

 

 

Oportunidades de investimento

Os investimentos estimados no relatório para fechar a defasagem entre demanda e capacidade para o período 2016-2040 alcançam ao todo US$ 53,15 bilhões a preços de 2016. Atualmente, US$ 13 bilhões do investimento já estão em execução. Cerca de 50% do total dos investimentos (US$ 25,545 bilhões) devem ser executados na próxima década (2017-2026) devido à alta necessidade de capacidade do setor. Cabe destacar que mais de 80% dos investimentos estarão centralizados em aeroportos com gestão privada.

O México, o Brasil e a Colômbia concentrarão quase 70% do total dos investimentos pelo crescimento significativo de suas projeções de tráfego e pela falta de capacidade em seus principais aeroportos. Os investimentos envolvem mais de 220 projetos ligados a um universo preliminar que inclui alguns projetos ‘greenfield’, novos terminais, novas pistas, bem como melhorias na capacidade de diferentes subsistemas dos aeroportos (campo de voo, plataforma, terminal de passageiros e terminal de carga), etc.

O relatório salienta que o investimento em terminais de passageiros representa 69% (US$ 36,931 bilhões), enquanto a construção de novas pistas exigirá um investimento de US$ 8,986 bilhões (17%). Os investimentos em facilidades logísticas para atender à carga aérea estão estimados em US$ 3,127 bilhões, representando 6% do total de investimentos no setor aeroportuário da América Latina e do Caribe até 2040.

Os investimentos ajudarão a atender à demanda de capacidade projetada, porém, a América Latina e o Caribe exigem uma Agenda Estratégica Aeroportuária 2040 que seja desenvolvida e implementada em torno de cinco eixos de atuação: governança e âmbito legal, infraestruturas aeroportuárias, navegação aérea, conectividade aérea, e aeroportos que estejam em harmonia com seu ambiente”, acrescentou Farromeque.

Essas e outras oportunidades de investimento serão abordadas na Conferência do CAF: Infraestrutura para a Integração da América Latina”, que foi realizada em 16 de julho na Casa da América em Madri, na Espanha e contou com a participação de José Luis Ábalos, ministro do Fomento da Espanha; Ana de la Cueva, secretária de Estado de Economia e Apoio à Empresa da Espanha; Pilar Más, diretora-geral de Análise Macroeconômica e Economia Internacional do Ministério de Economia e Empresa da Espanha; Esteves Colnago Junior, presidente do Conselho Diretor do CAF e ministro de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão do Brasil; Mariana Prado, ministra de Planejamento do Desenvolvimento da Bolívia; Dyogo de Oliveira; presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) do Brasil; Mauricio Cárdenas, ministro da Fazenda e Crédito Público da Colômbia; Humberto Colman, vice-ministro da Fazenda do Paraguai; Pedro Grados, presidente do Conselho Diretor da Corporação Financeira de Desenvolvimento do Peru; Mario Bergara, presidente do Banco Central do Uruguai; Santiago Miralles, diretor-geral da Casa da América; Salvador Marín, presidente do COFIDES; Narciso Casado, diretor do Gabinete da Presidência, Relações Internacionais e Institucionais da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE); Isaac Martín-Barbero, presidente da INCEO; e Juan Béjar, presidente da Globalvía, entre outros.

 

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