Os benefícios econômicos e sociais da igualdade de gênero

Fechar a brecha de gênero não apenas implicaria avanços significativos para o desenvolvimento da América Latina, como também geraria importantes benefícios econômicos

02 de junho de 2016

Além de representar um dos pilares de qualquer política pública de desenvolvimento, a igualdade de gênero também é um motor inestimável de crescimento econômico. Na verdade, uma parte significativa do boom econômico latino-americano no início deste século se explica graças à incorporação de cerca de 70 milhões de mulheres ao mercado de trabalho, o que contribuiu, entre outros aspectos, para a redução da pobreza, o dinamismo dos mercados internos e a redução das desigualdades.

Mas ainda há um longo caminho a percorrer e muito potencial para se desencadeado. Calcula-se que o impacto econômico de fechar a brecha de gênero no mercado de trabalho se traduziria em um aumento do PIB de cerca de USD 2,6 bilhões, ou o que é o mesmo, um crescimento de 34% do PIB.

O estudo "The power of parity: How advancing women's equality could add $12 trillion to global growth" (O poder de paridade: Como avançar a igualdade das mulheres poderia adicionar $12 trilhões ao crescimento global), realizado por Mckinsey & Company, indica que os benefícios de progredir na igualdade de gênero se traduziriam em mais de USD 1 bilhão na próxima década, sendo este o segundo maior lucro potencial a nível global. Devido ao atual contexto de baixo crescimento que a região atravessa, esta oportunidade representa um importante valor agregado.

De acordo com o estudo, as mulheres realizam três vezes mais trabalho não remunerado que os homens, um valor que, embora esteja dentro da média a nível global, ainda continua sendo relevante. Além disso, a participação da mulher na força de trabalho é de cerca de 70%, número muito menor do que na China, na Europa ou até mesmo na África Subsaariana, que varia entre 80%.

Para acelerar o processo rumo à paridade de gênero na América Latina, é necessário concentrar a atenção no empoderamento econômico da mulher, de modo que se deve priorizar o acesso à educação, aos serviços financeiros e digitais, assim como assegurar uma maior proteção legal e diminuir o tempo de trabalho não remunerado.

Com o objetivo de assegurar o crescimento sustentável e a inclusão social na região, o CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- incorpora o enfoque de gênero às suas operações para que os seus benefícios possam ser tangíveis em médio prazo e nos diferentes setores da sociedade.

Neste sentido, o programa RUTAS facilitou a incorporação das mulheres no mercado de trabalho local, sejam como empresárias -criando e gerenciando seus próprios negócios- ou como funcionárias. Além disso, aumenta o grau de autonomia financeira e melhora o valor do trabalho feminino, contribuindo para empoderar a mulher dentro da família, elevar sua autoestima e o sentido de cidadania. Indiretamente, o aumento do poder aquisitivo tem um impacto positivo sobre a educação das crianças, sua nutrição e, assim, seu desenvolvimento futuro.

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