Os ecossistemas são fundamentais para que se obtenha a segurança hídrica

A América Latina deverá ter um impacto na proteção e conservação dos ecossistemas para garantir a segurança hídrica e aumentar a produtividade

24 de maio de 2016

Os ecossistemas cumprem funções de regulação e purificação da água, e incluem de maneira decisiva na quantidade e na qualidade dos recursos hídricos. É por isso que desempenham um papel fundamental para alcançar uma segurança hídrica  que contribuiria para melhorar a saúde e o bem-estar dos habitantes de áreas vulneráveis, assim como a produção de bens e serviços, e os meios de subsistência da população mais desfavorecida.

Paradoxalmente, apesar da sua importância, sua sustentabilidade está em risco permanente. Por exemplo, na Argentina, Chile ou Colômbia há ameaças recorrentes, como o avanço da produção agrícola, a mineração ou a urbanização não planejada.

Embora a agenda de gestão integrada dos recursos hídricos (GIRH) foi ganhando terreno na região nos últimos anos, necessita reformas profundas que contemplem a inter-relação da água a nível social, econômico, ambiental, legal e político, tanto em escala local como nacional.

Neste sentido, os especialistas concordam que se deve reforçar os mecanismos de governança e fortalecer a participação institucional multissetorial e, ao mesmo tempo, realizar um impacto na proteção e na conservação dos ecossistemas.

O relatório "Água e ecossistemas", elaborado pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, com o apoio deThe Nature Conservancy, analisa a necessidade de reconhecer o papel dos ecossistemas na gestão e nos diferentes usos da água, e traz os principais desafios dos ecossistemas na América Latina. Entre eles estão os seguintes:

  • Promover a consciência cidadã sobre o valor dos ecossistemas e a importância da sua proteção. O crescimento acelerado e desorganizado da população, assim como a integração da economia regional, geraram condições adversas que limitam a capacidade dos ecossistemas para gerar serviços hídricos para melhorar o desenvolvimento humano. Nesse sentido, exige-se um maior compromisso dos cidadãos para contribuir à sua conservação e a um uso mais eficiente da água.
  • Aumentar os investimentos dedicados à gestão e restauração de ecossistemas, já que atualmente o valor destes é subestimado no momento em que se analisam os projetos de investimento. Além disso, sua contribuição não se reflete na equação do custo do serviço final, fazendo com que seja indispensável conectar o usuário com o ecossistema através do pagamento da tarifa de água que garanta a sua sustentabilidade.
  • Promover a elaboração e execução de políticas, programas e projetos de desenvolvimento que levem em conta a depreciação dos recursos naturais.  Apesar dos esforços realizados nos países da região na última década e a tendência que mostraram para melhorar os processos de governança dos recursos hídricos, a deterioração dos ecossistemas e seus elementos continua. Os serviços ambientais devem ser considerados como uma variável fundamental no processo de planejamento e tomada de decisões a nível institucional, de maneira que seja possível medir e reduzir o impacto das atividades econômicas sobre os ecossistemas envolvidos.

Apesar de que a relação entre a água e os ecossistemas se tornar evidente a partir do ponto de vista técnico, ambas as agendas continuam separadas. É importante que os países aumentem os seus esforços na busca de oportunidades para criar sinergias entre as duas agendas, de modo que se faça um uso mais inteligente dos recursos naturais a fim de se contribuir para o objetivo de garantir a segurança hídrica na América Latina.

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