CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
Mais de meia centena de representantes dos setores público e privado foram capacitados em normas em face do novo cenário estabelecido pelo Protocolo de Nagoia, que busca a repartição justa e equitativa dos benefícios oriundos da utilização de recursos genéticos com fins comerciais.
13 de setembro de 2018
As vendas realizadas por empresas de biocomércio aumentaram nos últimos anos no Equador, na Colômbia e no Peru. De fato, esse último é um dos países líderes no desenvolvimento de cadeias de valor do biocomércio e de bionegócios, pois atualmente as vendas de produtos derivados de alimentos naturais, plantas medicinais e aromáticas nativas chegam perto de US$ 460 milhões anuais nos Estados Unidos.
Isso foi revelado durante o workshop "Promovendo a implementação efetiva e acordada do Protocolo de Nagoia e do Biocomércio no Peru", organizado nos dias 12 e 13 de setembro pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), em coordenação com o Ministério do Meio Ambiente (MINAM), o Ministério de Comércio Exterior e Turismo (MINCETUR) e do Promperú, com o apoio do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina, da Secretaria de Assuntos Econômicos e de Cooperação da Suíça (SECO) e da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ).
A esse respeito, David Vivas Eugui, diretor de Assuntos Jurídicos, Unidade de Comércio e Meio Ambiente da UNCTAD, detalhou que o workshop treinou mais de meia centena de representantes dos setores público e privado em melhores práticas regulatórias e administrativas para promover o biocomércio em harmonia com as normas do novo cenário estabelecido pelo Protocolo de Nagoia, que busca a repartição justa e equitativa dos benefícios oriundos da utilização de recursos genéticos com fins comerciais.
Também foram reunidas contribuições para o "Manual de Biocomércio". Acesso e repartição de benefícios" e "Estratégia nacional de negociação para a elaboração de contratos de acesso aos recursos genéticos e seus derivados", documentos elaborados pela UNCTAD a fim de apoiar as autoridades peruanas na definição de linhas de ação para uma implementação efetiva e acordada, e introduzir incentivos administrativos que permitam às empresas cumprir as novas normas exigidas pelo referido protocolo.
Megadiversidade e biocomércio
Depois de ratificar o compromisso institucional de promover a conservação e a valorização da biodiversidade diante do considerável capital natural que a América Latina abriga e de impulsionar -entre outras ações- o Programa de Biocomércio Andino, René Gómez-García, coordenador da Unidade de Negócios Verdes do CAF, argumentou que essa vantagem comparativa tem que se converter em vantagens competitivas e que, para isso, são necessárias ferramentas que criem condições de transformação produtiva que permitam potencializar seu desenvolvimento. "Apoiamos projetos que aumentam a competitividade, fornecendo recursos e instrumentos científicos, tecnológicos, de inclusão social e de gestão para superar os desafios de financiamento", afirmou.
Por sua vez, Martin Peter, chefe da Cooperação Suíça no Peru, observou que a SECO considera o biocomércio como uma ferramenta valiosa para a promoção da biodiversidade e uma oportunidade de desenvolvimento sustentável para os países megadiversos da região.
De acordo com dados do MINAM e do Promperú –entidade adscrita ao MINCETUR– as vendas de produtos peruanos derivados de alimentos naturais e plantas medicinais e aromáticas nativas atualmente chegam perto de US$ 460 milhões anuais nos Estados Unidos. As empresas deste ramo no Peru se concentraram principalmente na coleta, cultivo, destilação, processamento e comercialização de produtos baseados na biodiversidade, sob critérios de sustentabilidade ambiental, social e econômica.
Além de confirmar que a expectativa de seu portfólio é de superar US$ 50 bilhões em exportações para consolidar ainda mais o setor como motor de crescimento e geração de emprego no país, Francisco Ruiz Zamudio, diretor-geral de Políticas de Desenvolvimento de Comércio Exterior do MINCETUR, reafirmou que espera-se ultrapassar o recorde de exportações não tradicionais e chegar a US$ 14 bilhões. Também destacou a projeção de duplicar as exportações agrícolas, nas quais o biocomércio é um ramo importante.
Enquanto isso, o diretor-geral de Diversidade Biológica do MINAM, José Alvarez, afirmou que um país megadiverso como o Peru tem um grande potencial para desenvolver várias atividades com base em produtos naturais, o que atrairá investidores certos não só para obter retorno sobre seu investimento como também para que seus produtos possam entrar nos mercados internacionais com a certificação correspondente. Destacou que o Peru é hoje um dos países líderes no desenvolvimento de cadeias de valor do biocomércio e em matéria de bionegócios.
A esse respeito, afirmou que, atualmente, o Regulamento de Acesso aos Recursos Genéticos está sendo atualizado, processo do qual estão participando os ministérios da Agricultura e da Produção, entre outras autoridades envolvidas. Conta também com uma Estratégia Nacional de Biocomércio e um Plano de Ação para 2025, que inclui políticas e normas para a promoção e a implementação dessas atividades, considerando o potente desenvolvimento da oferta e dos mercados, entre outros eixos temáticos relacionados a este assunto.
O protocolo de Nagoia -que entrou em vigor em 12 de outubro de 2014 e foi ratificado por 109 países até agosto de 2018- destina-se a implementar o terceiro objetivo da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD), a saber, a repartição justa e equitativa dos benefícios da utilização dos recursos genéticos. Para esse fim, o protocolo esclareceu uma série de definições e introduziu um conjunto de princípios e normas sobre acesso e repartição de benefícios (APB) que proporcionam maior segurança jurídica às partes interessadas.
Também foram incluídas, pela primeira vez, novas disposições em matéria de conformidade, verificação e repartição justa e equitativa de benefícios em situações transfronteiriças pela utilização dos recursos genéticos e dos conhecimentos tradicionais associados. Vários dos países que o ratificaram, como o Peru, começaram a refletir e revisar suas políticas nacionais de APB, a fim de ajustar seus regulamentos e práticas administrativas às novas exigências trazidas pelo protocolo.
19 de novembro de 2024
19 de novembro de 2024
19 de novembro de 2024