Por que algumas compras on-line não chegam a tempo?

Visiones del Desarrollo é uma seção promovida pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- que analisa os principais temas relacionados ao desenvolvimento da região. Seus artigos são publicados simultaneamente nos periódicos El Comercio (Equador), El Comercio (Peru), El Nacional (Venezuela), El País (Uruguai) e Portafolio (Colômbia).

22 de dezembro de 2020

Além dos processos internos de cada empresa, os desafios da logística urbana nas principais cidades da América Latina explicam, em parte, as dores de cabeça de quem teve alguma experiência negativa com o comércio digital devido à pandemia.

Às restrições veiculares, aos protocolos de biossegurança e ao crescimento exponencial de pedidos, principalmente por pessoas utilizando o comércio eletrônico pela primeira vez, foram somados os congestionamentos viários, os acidentes de trânsito e o impacto ambiental que esse setor gera nas cidades da América Latina. Os veículos de carga representam 25% da frota, ocupam 40% do espaço viário e contribuem com até 40% das emissões de CO2 relacionadas ao transporte urbano.

O Fórum Econômico Mundial publicou, antes da pandemia, um estudo denominado “Futuro do Ecossistema na Última Milha”, em que se previa que 2,1 bilhões de pessoas comprariam bens on-line em 2021 e que os veículos de entrega apresentariam crescimento de 36% para 2030, atingindo 7,2 milhões de unidades. Além disso, o estudo traz uma série de recomendações para reduzir as emissões e o congestionamento em 30% e os custos de envio em 25%.

Na América Latina e no Caribe, a proporção da população nas cidades é de 80%, com áreas crescendo, nos últimos anos, e envolvendo maiores distâncias e complexidade nos fluxos logísticos.

Por sua vez, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) destaca, no relatório “Os efeitos da COVID-19 no comércio internacional e na logística”, que um desafio do setor é como proteger os trabalhadores dos riscos de contágio e da precariedade laboral em que grande parte deles trabalha, especialmente migrantes. No médio prazo, é urgente integrar a logística urbana às políticas de transporte, reduzindo o número de viagens ou tornando-as mais eficientes (por exemplo, por meio da colaboração logística e da utilização de meios com menos externalidades negativas, como a eletromobilidade).

“A COVID-19 gera uma oportunidade inestimável para olharmos mais de perto a logística urbana, que ainda carece de debate nas agendas políticas. Até agora, o sistema de carga tem se apresentado muito flexível, adaptando-se continuamente às necessidades das empresas e dos consumidores, mas seria necessário repensar os ganhos de eficiência do setor às custas das precárias condições econômicas e trabalhistas, externalidades ambientais, desprezo regulatório ou abuso da economia informal”, declarou Andrés Alcalá, coordenador da agenda de Logística Urbana do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina.

As experiências piloto aplicadas em seis cidades da região, Fortaleza (Brasil), Cali (Colômbia), Quito e Guayaquil (Equador) Rosário e Córdoba (Argentina), estão compiladas na publicação “LOGUS: Estratégia CAF em Logística Urbana Sustentável e Segura” para oferecer um conjunto de ferramentas flexíveis e adaptáveis, bem como instrumentos de conhecimento, diagnóstico e aplicação que visam a contribuir para o processo de melhoria contínua, necessário ao desenvolvimento de uma logística urbana sustentável.

Técnicos e tomadores de decisão das administrações locais e nacionais da região contam também com um Guia de Políticas Públicas sobre logística urbana, com as principais tendências internacionais em políticas públicas em logística urbana. Este guia contém 24 arquivos de políticas em que são citados, pelo menos, 76 exemplos ilustrativos de boas práticas, dos quais pouco mais de 50% correspondem a casos da Europa, 37% a casos da América Latina e o restante, dos Estados Unidos e Ásia.

 

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