CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
19 de setembro de 2016
Milhões de pessoas na América Latina utilizam o sistema de transporte público como o principal meio de traslado, fazendo com que este seja uma ferramenta imprescindível para mitigar a disparidade territorial que historicamente criou condições de exclusão nas cidades da região.
No entanto, o transporte não é neutro ao gênero: homens e mulheres têm papéis sociais e econômicos diferentes na sociedade, que estão associados a padrões do uso e circulação, acesso e necessidades específicas de transporte. Por esta razão, a organização do uso do solo, a disposição física e o desenho do sistema de e instalações não os afetam da mesma forma.
Diversos estudos mostram que os padrões de mobilidade de homens e mulheres são diferentes. O deslocamento das mulheres está condicionado por fatores como a acessibilidade, a disponibilidade, eficiência e fornecimento de segurança física do serviço de transporte público. As mulheres tendem a realizar um maior número de viagens devido aos tradicionais papéis de gênero, pois têm que modificá-las para pegar as crianças, fazer incumbências, compras ou assumir outras obrigações familiares.
Também se demonstrou que a acessibilidade das mulheres é limitada, apesar de contar com um sistema de transporte, já que geralmente não é desenvolvido e planejado para levá-las aonde necessitam ir, mas sim para destinos que podem ter sido escolhidos por razões econômicas.
Se bem que o transporte público contribuiu para o fortalecimento das mulheres, também está associado com o assédio e a violência de gênero. As mulheres são mais sensíveis aos problemas de segurança que afetam a sua mobilidade, limitam suas capacidades, acessibilidade e participação nos mercados de trabalho. Também são comumente alvos de agressão sexual, que tem como resposta medidas de precaução autoimpostas que limitam significativamente sua mobilidade e, no final, seu próprio desenvolvimento.
Todas as formas de violência de gênero têm um impacto direto sobre as mulheres. Diminuem sua confiança e, assim, limitam sua habilidade de se trasladar livremente em espaços públicos, seu acesso à saúde, às oportunidades educacionais e ao mercado laboral. Isso aumenta a desigualdade e a exclusão social.
Por outro lado, é importante destacar que o setor dos transportes é dominado por homens. Isso contribui para que as mulheres tenham uma influência limitada na busca e no desenvolvimento de novas estratégias e políticas públicas que ajudem para a elaboração e planejamento de projetos de transportes que sejam sensíveis ao gênero e inclusivos.
Conseguir uma melhor compreensão das relações entre o gênero, a pobreza, o acesso e o uso dos meios de transporte pode ajudar os tomadores de decisão a desenvolver estratégias de planejamento de transporte mais eficazes que atendam às necessidades de todos os membros da sociedade.
É por isso que o CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina, comprometido com a inclusão social da região, iniciou um estudo com o objetivo de reunir dados sobre o uso e a segurança pessoal das mulheres no transporte público em três cidades da América Latina. Com isso, visa ampliar o conhecimento e construir uma base sólida de evidências sobre o planejamento de transporte e as operações sensíveis ao gênero, e proporcionar ferramentas para as agências de desenvolvimento e financiamento.
Este será um dos tópicos que o CAF irá aprofundar como parte da Habitat III, a conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável, que será realizada em Quito de 17 a 20 de outubro e que busca projetar o futuro das cidades nos próximos 20 anos. A inclusão social e a transformação produtiva como eixos transversais e fundamentais no planejamento e na integração do território são algumas das prioridades da instituição, que estão incluídas em iniciativas como o programa Cidades com Futuro.
A inclusão do enfoque de gênero no planejamento do sistema de transporte público e a execução de ações específicas que reduzam as barreiras de acesso para as mulheres e respondam às suas necessidades, ampliam as oportunidades econômicas e, com isso, a inclusão social.
19 de novembro de 2024
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