Projeto uruguaio Casavalle ganha concurso da CAF para fortalecer o desenvolvimento urbano latino-americano

  • O projeto recebeu o primeiro prêmio do concurso Internacional de Projetos de Desenvolvimento Urbano e Social em Assentamentos Informais, organizado pela CAF, banco de desenvolvimento da América Latina.
  • O concurso recebeu 34 propostas, de 11 países; com sua organização, a Instituição busca melhorar a qualidade de vida na região

22 de setembro de 2011

(Montevidéu, 22 de setembro de 2011) Um projeto uruguaio para formar, capacitar, empregar e melhorar a vida nas margens do rio Miguelete, que atravessa a cidade de Montevidéu, Uruguai, chamado Projeto Casavalle, foi o ganhador da primeira versão do Concurso Internacional de Projetos de Desenvolvimento Urbano e Social em Assentamentos Informais, uma iniciativa da CAF, banco de desenvolvimento da América Latina, que busca ajudar a encontrar soluções de desenvolvimento na região.

Durante a cerimônia de premiação realizada no escritório da CAF em Montevidéu, o vice-presidente de Desenvolvimento Social e Ambiental da CAF, José Carrera, afirmou que, apesar do “Uruguai ser um dos países mais igualitários na região, como região temos um problema importante”, já que “mais de 70% da população da América Latina vive em cidades e, destes, 30% vive em condições precárias”. “Para reduzir a exclusão é preciso pensar nestas comunidades nas cidades da América Latina” e dar-lhes, ou melhorar, a qualidade dos serviços básicos, como água potável, saneamento, habitação, vias de comunicação, gestão de resíduos e recuperação dos espaços públicos para a comunidade”, agregou.

A intendente de Montevidéu Ana Olivera disse que o projeto Casavalle “não é uma proposta isolada, mas faz parte de uma proposta global”, enquanto destacou que “talvez a dívida mais importante de Montevidéu com seu povo esteja concentrada em Casavalle, onde está a pobreza estrutural do departamento, com 65% dos maiores de 18 anos sem nunca terem tido trabalho formal, e onde estão presentes os piores indicadores de falta de acesso à educação”.

No total, foram avaliadas 34 propostas de 11 países da região: a Venezuela participou com 13 iniciativas; Colômbia e Peru com quatro cada um; Argentina com três; México, Brasil e Chile com dois cada e, os restantes, República Dominicana, Equador, Costa Rica e Uruguai com um projeto em cada país.

O júri destacou a qualidade territorial, arquitetônica e ambiental do Projeto Casavalle da cidade de Montevidéu. O projeto está vinculado com a produtividade do território, por meio da agricultura urbana, resolvendo de forma inteligente a relação entre o rural e o urbano. A integração do poder público e a dimensão socioeconômica do projeto fazem com que seja uma resposta exemplar para o contexto regional.

A proposta ganhou o prêmio de USD 10.000 oferecido pelo concurso e, por sua vez, foi convidada a apresentar uma solicitação de Cooperação Técnica para a CAF, para financiar os estudos e desenhos do projeto.

Os autores do projeto foram Alvaro Trillo, Jimena Abrahan e Javier Vidal, que contam com a assessoria da Intendência de Montevidéu. Trillo complementou os indicadores e assinalou que 56% das famílias da zona estão abaixo da linha de pobreza e 25% trabalha como classificadores de resíduos e ainda afirmou que por isso “devemos nos ocupar desta zona e impulsioná-la, porque Casavalle também é Montevidéu”.

Uma proposta da comunidade

O Projeto Casavalle, que surgiu a partir de reivindicações de vizinhos, terá obras em um espaço de 430.000 m2 e será realizado em etapas.

Na área envolvida, originalmente estavam localizadas fazendas e casas. Logo, foram incluídos complexos habitacionais e, posteriormente, assentamentos irregulares. A presença constante de resíduos, a existência de infra-estrutura precária e a recorrente estigmatização como “zona vermelha” são algumas das variáveis que caracterizam o território na atualidade. Por sua vez, a maioria da população é menor de 34 anos, com 34,7% de jovens que não estudam nem trabalham.

A proposta inclui a criação de um parque produtivo (cultivo de árvores e espécies vegetais) na beira do rio e de espaços para lazer e para praticar esportes (trilhas para bicicleta e pista de skate). Além disso, contempla a construção de espaços de socialização e uma fábrica de reciclagem de resíduos, uma das atividades mais difundidas entre a população da área.

O júri foi formado por Alejandro Echeverri, arquiteto e diretor de Urban e do Centro de Estudos Urbanos e Ambientais da Universidade de EAFIT; Jorge Jáuregui, arquiteto do programa Favela Bairro de Rio de Janeiro, Brasil; e Jaime Holguín, executivo principal da Vice-presidência de Desenvolvimento Social e Ambiental de CAF.

Para mais informações sobre o concurso, acesse http://desarrollourbano.caf.com/inicio.

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