Reclusas de Armenia vencem o II Festival Nacional de Teatro Carcerário

O grupo da Penitenciária de Mulheres de Armenia apresentará a peça vencedora, "Nuestra Natacha", no XV Festival Ibero-americano de Teatro de Bogotá

14 de março de 2016

A Penitenciária de Mulheres de Armenia foi a vencedora do II Festival Nacional de Teatro Carcerário, em uma competição da qual participaram cinco grupos de teatro de cinco cidades da Colômbia. A experiência liderada pela Fundação Teatro Interno e pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- através da sua Iniciativa de Inovação Social, que explora soluções diferentes para atender às difíceis condições carcerárias nos nossos países.

O júri, integrado por María Fernanda Fuentes, Angélica Blandon e Daniel Botero, foi responsável por avaliar o desempenho dos diferentes grupos no palco, avaliando aspectos como trabalho em equipe, expressividade, contribuições para a obra, trabalho de cena e uso de recursos teatrais. Agora, as 14 integrantes do grupo de teatro de Armenia preparam a bagagem para viajar até Bogotá e se apresentar no Teatro Nacional Fanny Mikey, como parte do FITB 2016, o grande evento das artes cênicas do país. O público poderá apreciar a apresentação única da peça "Nuestra Natacha", de Alejandro Casona, dirigida por Jaime Torres, na próxima sexta-feira, dia 18 de março, e conferir em primeira mão um exemplo de segundas oportunidades.

"Este foi um processo no qual se colocou a arte a serviço da transformação pessoal, a ressocialização e a inclusão social da população carcerária", declarou Johana Bahamón, diretora da Fundação Teatro Interno, ao divulgar os resultados. "O fato de que o grupo vencedor da competição possa se apresentar no XV Festival Ibero-americano de Teatro de Bogotá é um testemunho de como os erros podem se transformar em oportunidades".

Além do grupo de Armenia, as agrupações teatrais das penitenciárias de Jamundí (Valle), Cúcuta (Norte de Santander), Montería (Córdoba) e Itagüí  (Antioquia) tiveram a oportunidade de se apresentar em suas respectivas cidades com uma plateia formada por familiares, conhecidos e público em geral, que puderam presenciar esta experiência que transcende o espetáculo e visa a reconciliação e a reabilitação das pessoas privadas de liberdade, onde o aplauso entusiasta do público, de pé, no final de todas as apresentações, foi o maior reconhecimento para atores e atrizes.

Para Ana Mercedes Botero, diretora de Inovação Social do CAF, esta experiência proporciona uma oportunidade inédita para explorar diferentes soluções que atendam às difíceis condições carcerárias em nossos países. "Temos certeza de que o teatro é um agente de mudança com um alto poder de cura, que serve como uma ponte de reconexão com a sociedade e capacita os detentos", disse Botero. "O teatro educa na comunicação, na reflexão, no autocontrole, no trabalho em equipe, instalando habilidades que resgatam sua dignidade e sua autoestima; é uma ferramenta viva para gerar aplausos e segundas oportunidades".

A escolha final do grupo vencedor foi concorrida, com o primeiro lugar ficando para a agrupação teatral de Armenia, com a montagem de "Nuestra Natacha" e de Cúcuta, que sob a direção de Nancy García levou ao palco sua versão de "La Orgía", de Enrique Buenaventura.

O prêmio de melhor atriz do concurso foi para Deibis Castro  por sua interpretação da "velha" na peça "La Orgía". Já o prêmio de melhor ator ficou com Luis María Cristovao Carrico  por sua participação em "Desde adentro", obra de Ricardo España, que foi encenada pela Penitenciária de Itagüí. Por sua vez, Astrid Londoño, que interpretou Amália na obra "Los Bandidos" (Jamundí) recebeu uma bolsa de estudos de teatro da Academia da Charlot. E o prêmio de melhor diretor do festival foi para Nancy García. Também se reconheceu o trabalho dos guardas penitenciários, destacando-se o exemplo "exemplar" de cada centro de reclusão participante.

O grupo de teatro "Complejo Carcelario y Penitenciario Metropolitano", de Cúcuta, que obteve o segundo lugar no festival, terá a oportunidade de se apresentar na Casa Ensamble de Bogotá em novembro deste ano.

O II Festival Nacional de Teatro Carcerário conta com o apoio do Ministério da Justiça e do Direito, e do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (INPEC).

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