CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
15 de março de 2017
A imagem da família "normal" como um pilar da sociedade está se desfocando. Pelo menos no Chile, durante o último ano, 73% dos bebês nasceram fora de uma família convencional, com um pai ausente ou sem que o pai e mãe fossem casados. Além disso, em 40% dos lares de Santiago, a capital chilena, os "chefes de família" são mulheres solteiras.
Com esses dados, Mónica González, veterana jornalista chilena e diretora do Ciper, abre o debate da oficina Mulheres Líderes na Redação. Ela sugere que estes números poderiam muito bem refletir uma realidade similar em qualquer país latino-americano, razão pela qual, nestes momentos, é necessário parar e pensar sobre como abordar as questões de gênero e lhes garantir mais espaço nas pautas dos meios de comunicação.
González pede para que se evite falar de mulheres "apenas por falar". Concentrar-se em olhar somente no que os ativistas ou os movimentos feministas fazem não é a saída. É preciso revirar a maneira de contar tudo: desde os feminicídios até as histórias que estão por trás desses terríveis casos ou dos números que dizem que a mulher de hoje leva as rédeas da família.
A melhor alternativa, na opinião de González, é dar rosto e alma a essas realidades que afetam não somente as mulheres, mas sim toda a sociedade, porque se traduzem no enfraquecimento das democracias. Também é necessário falar muito mais de desigualdade e de impunidade. Como fazê-lo a partir dos meios de comunicação? Estas são algumas das suas recomendações:
É preciso entender sobre regulamentos ambíguos ou "líricos". Também é necessário chegar à fonte da lei, saber quem a propõe. E então, a partir do jornalismo, tentar responder a certas perguntas fundamentais: Como fazer para que os homens que cometem esses crimes finalmente paguem? Como obrigar o Estado a garantir isso? O que posso fazer para que se preocupem com a formulação de políticas públicas que realmente confrontem estas realidades?
González pergunta: Por que não se vê qualquer progresso no que diz respeito às mulheres sozinhas, principalmente as que se encontram nos estratos sociais mais baixos e que enfrentam a vida com crianças, sem um "macho provedor", sem educação, em situações de pobreza e expostas a serem vítimas de violência?
A resposta para isso é clara: "nunca sorria. Permaneça firme com a sua ideia de olhar o que está por trás desta história: quem são, onde nasceram, como chegaram à rua, como vivem assim. Pergunte-lhes: sabem o que significa sobreviver na rua? Sabem quantas pessoas estão vivendo assim neste país? Assim, transformará interrogantes em argumentos sólidos e razões para investigar".
A oficina Mulheres Líderes na Redação, da qual participam 16 editoras e repórteres da América Latina, ocorre em Santiago, no Chile, de 14 a 17 de março. Esta atividade é organizada pela Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano -FNPI- e pelo CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina-, com o apoio da Pontifícia Universidade Católica do Chile. O evento é liderado por Mónica González, diretora do Ciper e membro do Conselho Reitor da FNPI.
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