Liderança, resiliência e desenvolvimento para uma era de incertezas

A V Conferência Anual CAF-LSE reuniu, em Londres, importantes especialistas de renome internacional, tais como acadêmicos, gestores públicos e líderes de opinião, para discutir as mudanças políticas e sociais pelas quais o mundo está passando. 

19 de janeiro de 2018

CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e a London School of Economics and Political Sciences (LSE) organizaram, em Londres, a V Conferência Anual CAF-LSE, na qual participaram especialistas internacionais, tais como acadêmicos, responsáveis por políticas públicas e líderes de opinião. Nesta edição, os participantes analisaram a necessidade de promover a liderança e a resiliência como chaves para o desenvolvimento em um contexto marcado pela incerteza e pela volatilidade global.

A abertura da conferência contou com as intervenções de Chris Alden, codiretor da Global South Unit da LSE; Paul Kelly, vice-diretor da LSE, e Luis Enrique Berrizbeitia, vice-presidente executivo do CAF. A palestra magistral foi dada por David Choquehuanca, secretário-geral da ALBA e ex-chanceler da Bolívia.

Em seu discurso, Berrizbeitia lembrou importantes acontecimentos desde a Segunda Guerra Mundial até o surgimento da globalização, em meados dos anos 90, que introduziu um panorama de incerteza crescente no cenário internacional. Segundo Berrizbeitia, a globalização combinou o desenvolvimento de inovações tecnológicas poderosas com a integração dos mercados, sobretudo financeiros, que tiveram seus fluxos multiplicados ao mesmo tempo em que se afastavam cada vez mais dos mercados reais de bens e serviços. Desde então, “houve um aumento significativo dessa dinâmica, da volatilidade e da velocidade dos fluxos financeiros, que introduziram fortes elementos de incerteza no sistema econômico mundial”, salientou.

Campo minado de incertezas

Os especialistas da Conferência CAF-LSE também debateram sobre os efeitos da instabilidade global para a América Latina, e chegaram à conclusão de que a região não está no centro das tempestades geopolíticas que assolam o mundo, embora receba, inevitavelmente, seus ventos contrários e não possa fugir de fenômenos como a mudança climática.

Nessa mesma linha, Chris Alden, codiretor da Global South Unit da LSE, afirmou que a compreensão sobre as questões de liderança, instituições e resiliência “será de grande importância nesta era de instabilidade em que as regiões em desenvolvimento e os poderes emergentes estão, em parte, redefinindo o mundo”.

David Choquehuanca, secretário-geral da ALBA, destacou a necessidade de um diálogo de civilizações para superar os desafios atuais. Do ponto de vista da cosmovisão indígena, manifestou que aproveitar o conhecimento ancestral e recuperar a harmonia com a natureza são tarefas prioritárias para lidar com as incertezas. Além disso, salientou que é imprescindível que haja resiliência, entendida como a capacidade de adaptação das sociedades modernas em face dos agentes externos ou situações adversas que possam perturbar seu presente ou seu futuro.

Para finalizar a V Conferência Anual CAF-LSE, houve duas sessões de debate. A primeira foi moderada por Irene Mia, diretora editorial da The Economist, intitulada "Liderança e empreendimento". Participaram dessa sessão Maria Benjumea, fundadora e CEO da Spain Startup, e Alberto Vollmer, CEO da Ron Santa Teresa de Venezuela, que contaram suas experiências nessas áreas, destacando que a criatividade e a responsabilidade social são qualidades primordiais de um líder empresarial hoje. Ambos enfatizaram como transformar adversidades em oportunidades e como aproveitá-las.

A segunda sessão, intitulada "Estados resilientes, sociedades resilientes", foi moderada por Álvaro Méndez, codiretor da Global South Unit, e dela participaram Daniel Calleja, diretor-geral para o Meio Ambiente da Comissão Europeia; Susan Nicolai, pesquisador sênior sobre Crescimento, Pobreza e Desigualdade; Patricia Majluf, vice-presidenta da Oceana Perú; Oliver Sartor, pesquisador sênior sobre Clima e Energia, e Isabel Hilton, editora e fundadora da China Dialogue. O foco do painel foi a insustentabilidade dos modelos econômicos e de consumo, bem como as mudanças necessárias para lidar com os desafios ambientais, especialmente a mudança climática. Os participantes apresentaram as perspectivas de diferentes regiões: Europa, América Latina e Ásia.

Luis Enrique Berrizbeitia, vice-presidente executivo do CAF, e Chris Alden, codiretor da Global South Unit, LSE, foram os responsáveis pelo encerramento do evento.

 

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