CAF, CEPAL, BID e OPAS promovem equidade e desenvolvimento sustentável
19 de novembro de 2024
A VIII edição dos Diálogos sobre a Água América Latina-Espanha, organizada pelo CAF na Casa de América, reuniu proeminentes líderes e especialistas no setor de água para encontrar soluções que contribuam para eliminar as lacunas em termos de água e saneamento.
19 de outubro de 2022
O CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, com a colaboração do Ministério da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, organizou a VIII edição dos Diálogos sobre Água América Latina-Espanha, dedicada nesta edição à Economia circular na gestão da água, a fim de analisar e refletir sobre o uso eficiente da água. a conservação e melhoria da qualidade dos recursos hídricos e os vários benefícios do aproveitamento dos subprodutos resultantes dos processos de depuração.
Atualmente, cerca de 4 bilhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a escassez hídrica durante um mês por ano, no mínimo, enquanto 1,6 bilhão não têm acesso à água devido à falta de infraestrutura. Essa situação afeta o mundo inteiro, incluindo a América Latina e o Caribe, que, segundo o CAF, concentra 30% da água.
Este e outros problemas foram abordados nos VIII Diálogos sobre a Água. Após as boas-vindas de seu diretor, Enrique Ojeda, essa edição foi aberta pelo presidente-executivo do CAF, Sergio Díaz-Granados, que destacou o desafio para a América Latina e o Caribe, onde apenas 40% das águas residuais são tratadas, enquanto 60% são despejadas diretamente, o que implica em efeitos diretos para a saúde pública e para a qualidade da água, além dos altos custos.
Díaz-Granados alertou para as consequências das mudanças climáticas que condicionam a disponibilidade de água, com grandes secas e inundações que produzem perdas econômicas muito importantes. “Precisamos de soluções urgentes e duradouras para eliminar as lacunas em termos de água e saneamento”, disse ele, defendendo a cooperação necessária entre as administrações públicas e o setor privado, bem como o papel do CAF como banco verde da região.
Por sua vez, Gonzalo García Andrés, Secretário de Estado de Economia e Apoio às Empresas do Governo da Espanha, ressaltou que estamos diante de um triângulo formado pela água, pela energia e pelos alimentos; um triângulo, acrescentou, “complicado” pelos efeitos das mudanças climáticas, que afetam os recursos hídricos e a segurança energética e alimentar, e pelo conflito russo na Ucrânia, que está causando graves problemas energéticos, com o aumento dos preços dos hidrocarbonetos, como o gás e a eletricidade, e dos alimentos, devido ao aumento dos custos da cadeia alimentar.
O secretário de Estado também elogiou o trabalho do CAF e do Governo da Espanha, os esforços de investimento, renovação e regulamentação que devem ser feitos para avançar e alcançar uma maior prosperidade futura bem como o papel que a Espanha desempenhará quando assumir a presidência europeia em 2023 “como uma ponte entre a América Latina e a Europa”. “Temos que criar uma estrutura que atraia investimentos e fazer esses investimentos para que as parcerias público-privadas sejam mais vantajosas”, concluiu o secretário de Estado.
O vice-presidente Corporativo de Programação Estratégica do CAF, Christian Asinelli, também falou sobre o acesso à água como um direito humano a que todos devem ter acesso e como garantia de inclusão social. Asinelli lembrou que 35% da população da América Latina e do Caribe sofre de escassez hídrica, daí, disse, a necessidade de se gerar o compromisso de criar infraestrutura, juntamente com a obrigação moral de cuidar dos recursos. Por fim, reiterou o compromisso do CAF e defendeu o trabalho conjunto e organizado para garantir a segurança hídrica.
Após a cerimônia de abertura, teve início a apresentação “Visão estratégica da economia circular no setor de água da ALC”, feita por Ángel Cárdenas, Gerente de Desenvolvimento Urbano, Água e Economias Criativas do CAF, que ressaltou que estamos enfrentando dois grandes desafios: a recuperação da pandemia, que resultou em uma grande destruição econômica e deixou 15 milhões de novos pobres na região, e as mudanças climáticas. A solução ou a saída para superar esses desafios, disse Cárdenas, está nos investimentos sustentáveis e eficientes.
Para ele, a crise climática é uma crise hídrica e destacou alguns efeitos das mudanças climáticas, como as inundações que aumentaram 80% nos últimos 20 anos, ou as secas que são mais prolongadas. “Devemos passar da visão de abundância para uma visão de eficiência no uso dos recursos hídricos. A América Latina enfrenta grandes padrões de desigualdade e na água também, por isso, segundo ele, a ideia da reutilização da água.
O orador falou sobre desafios como o planejamento das infraestruturas de água e saneamento do ponto de vista das bacias hidrográficas, a compreensão das bases das políticas públicas para a água e a preservação do recurso com o objetivo de que seja benéfico para todos nós, sem hipotecar as gerações futuras.
Dois painéis completaram o interessante programa deste encontro. O primeiro abordou o marco institucional e regulatório necessário para promover a economia circular e contou com Rodolfo Segovia, Ministro de Obras Públicas e Comunicações do Paraguai; Oriana Romano, Chefe da Unidade de Governança da Água e Economia Circular da OCDE e Mario Urrea, presidente da Confederação Hidrográfica de Segura. Moderou o debate Franz Rojas-Ortuste, Diretor de Análise e Avaliação Técnica de Água e Saneamento do CAF.
A segunda mesa-redonda foi apresentada sob o título “Desafios para a implementação da economia circular” e participaram dela Ignacio Díaz Rodríguez-Valdés, diretor-geral da ESAMUR, Espanha; Manuelito Magalhães, presidente da SANASA Campinas, Brasil; Robert Becerra Coelho, gerente de operações e manutenção da SAGUAPAC, Sta. Cruz de la Sierra, Bolívia e Concepción Marcuello, secretária técnica permanente da CODIA, que atuou como moderadora.
O evento foi encerrado por Pilar Cancela, secretária de Estado de Cooperação Internacional, que destacou que a economia circular é, em primeira instância, uma decisão política. A secretária de Estado falou sobre a necessidade de trabalhar a economia circular e sobre os desafios que temos que enfrentar em termos de água, mudanças climáticas, superexploração dos recursos hídricos, contaminação das águas superficiais e subterrâneas ou da garantia do direito à água potável. Cancela destacou a cooperação espanhola e as diferentes linhas de trabalho, como saneamento, qualidade da água ou tratamento de águas residuais, bem como o compromisso da Espanha com a América Latina.
Sua participação foi seguida pela de Ignacio Corlazzoli, gerente do CAF na Europa, Ásia e Oriente Médio.
Corlazzoli destacou a importância das conferências “como pontos de encontro e de diálogo”, e ressaltou a contribuição que a Espanha tem feito em matéria de água e saneamento na região. “Queremos fazer mais, ajudar, identificar operações previamente”, disse o executivo do CAF, que destacou o desenvolvimento de novos projetos de cofinanciamento com entidades e empresas espanholas na região. Ele também anunciou o apoio do CAF à Espanha na presidência espanhola do Conselho da União Europeia em 2023, promovendo a Agenda CAF e fomentando reuniões de diálogos com altos representantes da Europa, América Latina e Caribe.
Para a organização dos VIII Diálogos sobre a Água, que promovem a troca de experiências no setor hídrico entre a América Latina e a Espanha, o CAF também contou com a colaboração do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, do ICEX (Espanha, Exportação e Investimentos), da Casa de América e da revista especializada iAgua.
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