Niterói desenvolve um sistema inteligente de transporte coletivo
A Região Oceânica de Niterói está confinada entre o mar e uma área montanhosa de preservação ambiental, o que a isola dos principais polos econômicos (de empregos) e de serviços (escolas, hospitais, universidades) distribuídos pelo centro da cidade e pelo município vizinho do Rio de Janeiro. Como resultado, sua população se acostumou a longos tempos de viagem.
A fim de colaborar para resolver essa situação, o CAF aprovou, em setembro de 2016, uma operação de crédito de USD 100 milhões para o Programa Região Oceânica de Niterói, criado pelo governo local para ampliar a oferta de transporte público e reverter o processo de degradação ambiental, especialmente nessa região, por meio de intervenções em vias, transporte de massa, ciclovias, requalificação urbana e recuperação de áreas deterioradas.
Para transpor a barreira física, foi construído o Túnel Charitas, uma obra sonhada desde os anos 50, que possibilitou encurtar distâncias entre os bairros e os polos econômicos e de serviços. Aproveitando essa nova via de conexão, foi implementado o BHLS (Bus with High Level of Service) Transoceânico, o primeiro sistema com essas características na América Latina. O BHLS é um ônibus de alto nível de serviço, focado em melhorar a experiência do viajante e em proporcionar-lhe maior conforto, acessibilidade e confiabilidade. O BHLS de Niterói trafega por um corredor exclusivo de 12 km de extensão e conta com 11 estações de transferência e uma nova frota de 40 ônibus com ar- condicionado, internet gratuita, bilhetagem eletrônica, GPS integrado e indicação sonora dos pontos de parada. Essas novas tecnologias permitem ao usuário monitorar, em tempo real, a chegada dos ônibus e a duração das viagens. O programa ainda prevê a implantação de 50 km de ciclovias, seis grandes estações de bicicletas e outras 100 de menor porte (paraciclos), o que também contribuirá para uma matriz de transporte mais sustentável.
Os benefícios do programa para a população local são notáveis e podem ser mensurados. Segundo cálculos da Secretaria de Planejamento Urbano e Mobilidade de Niterói, a primeira etapa do corredor BHLS já está gerando uma economia de 21 minutos/passageiro nos tempos de viagem. Considerando que o rendimento médio desses usuários é de aproximadamente USD 5 por hora, o programa está gerando uma economia de USD 1,58 por passageiro por dia, equivalente a USD 488 por ano. Multiplicando esses números pelos atuais 20 mil usuários, chega-se a uma economia de USD 9,76 milhões por ano. Esses cálculos não incluem os benefícios associados à redução de acidentes rodoviários e à emissão de gases de efeito estufa (externalidades positivas) que os sistemas de transporte coletivo obviamente geram.
Como pode ser observado, as intervenções do CAF em Niterói estão promovendo ganhos significativos de produtividade para seus habitantes. Essas ações confirmam o “pacto pela produtividade”, um eixo de ação prioritário na estratégia do CAF para apoiar seus países acionistas.
Nos últimos anos, a atuação do CAF no Brasil foi direcionada, principalmente, para as cidades. De fato, 17 das 21 operações têm os municípios como prestatários, o que significa mais de USD 1,2 bilhão em financiamentos de projetos. Trabalhar na escala municipal permite gerar impactos profundos no território e melhorias na qualidade de vida dos cidadãos.