Enrique García: os desafios para a América Latina e o papel da CAF no processo de desenvolvimento da região

(Caracas, 06 de março de 2012) "Em um contexto onde a economia global passa por um período de grande incerteza, as economias emergentes, especialmente as da Ásia e América Latina, têm sido o suporte do crescimento global", afirmou Enrique García, presidente-executivo da CAF, banco de desenvolvimento da América Latina. García acrescentou que "em especial, a América Latina continua apresentando excelentes resultados em termos de crescimento e estabilidade macroeconômica. Isso tem sido possível graças a uma combinação de boas notícias, tanto no exterior como internamente, e as prudentes políticas macroeconômicas implementadas na maioria dos países".

No entanto, o titular da CAF destacou os grandes desafios que esta conjuntura representa para a região. Um deles é diversificar as economias e reduzir a forte dependência de recursos naturais que já trouxe tantos problemas no passado. "Isso requer que a região não caia em complacência e se dedique a uma ambiciosa agenda de reformas", advertiu o presidente-executivo da CAF.

"De particular importância é a transformação produtiva da América Latina, que passa pelo aumento contínuo da produtividade e ganho de competitividade. Nesse sentido, um desafio fundamental é agregar valor às vantagens naturais da região, por meio do desenvolvimento tecnológico e capacitação de seu capital humano”, ressaltou García, em sua apresentação ao Diretório da Instituição.

Ele acrescentou que outro desafio, não menos importante, é a adaptação e desenvolvimento de infra-estrutura para a integração regional, a fim de aprimorar os benefícios oferecidos pelo crescente comércio internacional com a Ásia. "O desafio está em canalizar recursos pelo aumento da poupança e investimento doméstico e atrair capital estrangeiro. Para atingir estes objetivos, a região deve continuar trabalhando para melhorar o ambiente de negócios para o setor privado e a qualidade de suas instituições".

Ele também destacou um dos grandes benefícios obtido pela América Latina nos últimos anos, devido ao seu desempenho econômico favorável, referindo-se à redução da pobreza. Contudo, ele afirmou que "em termos sociais existe uma grande dívida, principalmente em termos de distribuição de renda. Isto torna imperativo continuar com uma ampla e inovadora agenda social que permita integrar segmentos excluídos da sociedade para que se beneficiem das conquistas da região".

O papel da CAF e sua visão integral do processo de desenvolvimento

Enrique García destacou o importante apoio que a CAF ofereceu a seus países membros na elaboração e implementação de uma agenda global de reformas. "Graças à sua essência latino-americana, o forte compromisso de seus acionistas, seu capital humano, e a manutenção de sua solidez financeira em tempos turbulentos, a CAF se expandiu e acompanha com projetos, programas e cooperação técnica o processo de desenvolvimento da América Latina".

Ele ressaltou que as aprovações da CAF para a região nos últimos cinco anos chegaram a USD 45.000 milhões e detalhou que, "em 2011, as aprovações, que passam de USD 10.000 milhões, foram direcionados quase que 50% ao financiamento de infra-estrutura econômica e de integração, 30% para o desenvolvimento social e ambiental e 20% para o desenvolvimento dos setores produtivos."

CAF apóia seus países membros na implementação de seus planos de desenvolvimento, particularmente os desafios significativos que existem na transformação produtiva, desenvolvimento institucional, política social e projetos de infraestrutura de integração inovadora e facilitação do comércio. Neste contexto, a CAF se manteve como uma instituição flexível, capaz de se adaptar a ambientes complexos e às demandas de seus acionistas.

A Instituição é hoje uma das maiores fontes de financiamento multilateral para a América Latina, a principal em infra-estrutura e energia, com ênfase especial em projetos que promovam a integração regional.

"Em 2011, o trabalho da CAF foi consolidado em prol do fortalecimento dos esforços de integração regional, como um fator decisivo para atingir uma presença significativa no contexto econômico e político global e uma inserção internacional inteligente", disse o titular do organismo financeiro.

Em seu papel de ponte entre América Latina e o resto do mundo, a CAF fortaleceu em 2011 a relação com a Ásia, Europa e América do Norte, por meio de acordos firmados com as principais instituições financeiras e de desenvolvimento destas regiões.

Além disso, sua conexão com uma extensa rede global de centros de pesquisa e universidades e sua crescente atividade editorial e de difusão de conhecimento permitiu se posicionar como centro de reflexão regional, referência em temas de desenvolvimento latino-americano para o resto do mundo.

A nova dimensão da CAF

"O extraordinário aumento de capital, aprovado pelo Conselho no final de 2011, permitirá que a CAF continue apoiando os países na realização de planos de desenvolvimento sustentável, bem como contribuir para o fortalecimento de seu papel anti-cíclico e catalisador", declarou Enrique García, presidente-executivo da CAF, durante o aumento de capital pela Argentina, Bolívia, Equador, Panamá, Peru e Uruguai. Estes são os primeiros países membros a completarem este processo e estima-se que os demais irão realizá-lo no curto prazo.

O titular da CAF destacou o compromisso do organismo com todos seus acionistas, bem como o apoio contínuo de seus países membros, resultando em ganhos de capital de forma periódica e no fiel cumprimento de todas as suas obrigações financeiras.

Com a incorporação de novos membros nos últimos anos, somando 18 países acionistas, e as recentes capitalizações, a CAF adquire uma nova dimensão que permitirá aprovar até USD 75.000 milhões para o desenvolvimento da América Latina para o período 2012-2017.