Os desafios da água potável e do saneamento
A América Latina tem respondido ao crescimento de suas cidades alcançando coberturas de água potável e de esgoto sanitário superiores a 80% em quase todos os países. No entanto, ainda são necessárias iniciativas para atingir a cobertura universal
O crescimento exponencial da população e das cidades, a migração
para os centros urbanos de populações anteriormente rurais e o
pouco planejamento são os maiores desafios que devem ser superados
para fornecer água potável suficiente e de maior qualidade na
América Latina.
Os desafios são entender as dinâmicas de crescimento nos
últimos 50 anos, explica o especialista Abel Mejía
Betancourt, consultor do CAF em temas de água e saneamento, no
relatório Igualdade e inclusão social na
América Latina: Acesso universal à água e ao saneamento (CAF,
2013).
Mejía destaca que neste período "a população urbana cresceu a um
ritmo alucinante". Passou de 64 milhões em 1950 para 384 milhões em
2000 e 458 milhões em 2010. O crescimento disparou também a demanda
de serviços relacionados à água, tais como água potável, esgoto,
tratamento de águas residuais, drenagem urbana e controle de
enchentes.
Em relação à água, durante este mesmo período, os países têm
tentado responder ao crescimento de suas cidades, dando
prioridade à extensão das redes de água e esgoto para
atender os novos moradores urbanos. Assim se obteve uma cobertura
de água potável e de esgoto sanitário superior a 90% e
80%, respectivamente, em praticamente todos os países.
Simultaneamente, outros elementos da infraestrutura hídrica urbana foram deixados para trás, como a drenagem pluvial, o tratamento das águas servidas e os sistemas troncais de condução de água potável e esgotos. Ao mesmo tempo, há uma forte degradação ambiental dos rios, lagos e aquíferos urbanos, que aparece como outro desafio primordial para preservar a qualidade das fontes de água das cidades.