IXP na América Latina: Internet de baixo custo e maior velocidade
O desenvolvimento desta tecnologia na região poderia reduzir em até 38% os custos de tráfego internacional de Internet. 49% do tráfego de Internet na América Latina é internacional, dos quais 85% têm os Estados Unidos como destino.
Na América Latina, o uso da Internet tem crescido na última
década. Até o final de 2012, existiam 256 milhões de usuários, o
equivalente a uma penetração de 44,7%. O consumo de tráfego de
Internet por usuário também se acelerou: aumentou 62% na região nos
últimos anos, enquanto que cresceu 42% a nível global.
A maior parte desse tráfego que é gerada a partir da América Latina deve transitar através de conexões internacionais com os Estados Unidos, devido à escassa capacidade de interconexão local ou regional existente na região. Daí a importância de desenvolver uma infraestrutura de interconexão na América Latina que ajude a reduzir os custos para o usuário final e aumente a velocidade de transmissão de dados. O uso do IXP (Internet Exchange Point) representa esta alternativa: esses pontos permitem que os provedores de serviços de Internet se interconectem sem necessidade de recorrer a circuitos internacionais, o que poderia reduzir os custos de banda larga e, portanto, seus preços.
O estudo
Expansão dainfraestrutura regional para a
interconexão detráfego de Internetna América Latina
(CAF, 2014) apresenta uma análise do potencial dos IXP que pode ser
aplicada na região. Mauricio Agudelo, principal executivo do CAF,
explica que atualmente 49% do tráfego da internet é internacional,
com 85% tendo como destino os Estados Unidos; além disso, cerca de
14% do tráfego de Internet para os Estados Unidos representam
fluxos de comunicação entre países da América Latina. "Isso aumenta
os custos do serviço e afeta a velocidade da conexão com a
Internet", disse Agudelo.
Embora existam algumas experiências com IXP locais,
principalmente no Brasil e na Argentina, e em breve no México,
ainda não existe o desenvolvimento necessário para melhorar
substancialmente as tarifas ou a qualidade do serviço, derivando
uma melhor infraestrutura de IXP na região, segundo explica
Agudelo. Na América Latina ainda não existem IXP regionais para
adicionar tráfego entre os países, como é o caso na Europa, por
exemplo, onde esses pontos de interconexão foram instalados nas
cidades de Londres e Amsterdã.
Entre os principais benefícios destes IXP estão a redução dos
custos de trânsito, de interconexão e de banda larga, e a
diminuição da latência. Isso foi comprovado nos países onde estas
infraestruturas foram desenvolvidas, como é o caso, na América
Latina, da Argentina.
"Na América Latina se gasta cerca de dois bilhões de dólares em custos internacionais de trânsito devido à ausência de uma infraestrutura de interconexão de IXP regional, e isso repercute na tarifa final do serviço que o usuário paga", afirma Agudelo. "Se se desenvolve uma oferta eficaz de IXP na região, os custos de trânsito poderiam apresentar uma redução de 33% e esta economia beneficiaria o usuário", explicou. "Além disso, haveria uma maior penetração do serviço (pelo menos um aumento de 5%, dependendo das estruturas dos mercados dos países) e aumentaria a velocidade de conexão".