Principais desafios para ampliar a conectividade na América Latina
O Congresso Regional de Telecomunicações 2014 permitiu atualizar os trabalhos a fim de se obter a ampliação do ecossistema digital na região. O esforço conjunto dos setores públicos e privados é fundamental para impulsionar o desenvolvimento tecnológico regional
Os principais desafios que o desenvolvimento digital na América Latina enfrenta são o aumento da conectividade entre os usuários, a potencialização da interconexão entre países, o incentivo ao diálogo público-privado e o aumento da confiança jurídica para a atribuição do espectro radioelétrico, assim como o aumento dos investimentos, a implantação de infraestrutura e o desenvolvimento sustentável das empresas de telecomunicações.
Esses desafios foram amplamente debatidos durante o segundo Congresso Regional de Telecomunicações (CRT) 2014, realizado recentemente no Panamá, um evento organizado pela Associação Ibero-americanade Centros de PesquisaeEmpresas de Telecomunicações(AHCIET), pela Associação deOperadores MóveisGSMA Latin America, e pelo CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, entre outras entidades da área.
Uma das maiores preocupações declaradas durante o congresso foi a desaceleração que atingiu a indústria nos últimos anos devido à politização dos processos regulatórios ou à incerteza regulatória do espectro radioelétrico. Daí que um objetivo para incentivar os investimentos na região, segundo o estudo apresentado pela AHCIET e pelas Empresas de Telecomunicações e Convergência Research, é o fortalecimento de três eixos: a certeza regulatória e jurídica, o diálogo e as parcerias público-privadas, e um sistema de tributação moderado e simplificado.
O secretário-geral da AHCIET, Pablo Bello, destacou outro desafio prioritário na região: fechar a brecha digital entre os usuários.
"Dois de cada três lares ainda não estão conectados e o principal desafio na região é conseguir conecta-los, uma tarefa em que governos, reguladores e empresas devem trabalhar em conjunto", disse Bello, lembrando que para estreitar esta brecha digital é necessário aumentar o investimento. "Precisamos de US$ 400 bilhões em investimentos nos próximos seis anos para atingir os níveis de conectividade dos países desenvolvidos", destacou Bello.
Por sua vez, Sebastián Cabello, diretor da GSMA Latin America, citou que na região existem mais de 696 milhões de conexões móveis e 322 milhões de usuários únicos. Enquanto isso, a banda larga móvel, com 257 milhões de conexões, será a que vai permitir conectar todos os latino-americanos à Internet. "Pelo lado dos operadores, o foco está em dar-lhes mais ferramentas aos usuários e maximizar os investimentos em novas redes e serviços", disse Cabello. "Do lado do setor público, é necessária uma regulação com base em incentivos e que entenda os desafios futuros do setor".
Antonio Juan Sosa, vice-presidente corporativo de Infraestrutura do CAF, destacou a importância de investir em infraestrutura de banda larga e da instalação de mais pontos de interconexão (IXP) de Internet para reduzir o custo de transporte de dados. "É necessário trabalhar na expansão de uma rede mais robusta que permita apoiar o crescimento exponencial do tráfego de Internet e que se reflita na redução de custos para os usuários finais", afirmou. Sosa.
Os participantes do CRT2014 concluíram que estes desafios constituem uma agenda difícil que apenas pode ser alcançada a partir de um esforço conjunto. A tarefa é reunir esforços públicos e privados em todos os setores relacionados com um objetivo comum: ampliar o ecossistema digital da América Latina.