Uma empresa social é construída no interior de uma penitenciária
Com a abertura dos programas de capacitação em panificação e costura, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- e a ONG SEVIDA lideram a construção de uma empresa social no interior do COFO, produzindo um equilíbrio entre produtividade e bem-estar,com a visão de fortalecer capacidades, direitos humanos e a dignidade da população carcerária. Uma experiência inédita na América Latina que se projeta como uma referência na melhoria do sistema penitenciário em nossos países.
"Trata-se de um modelo inovador que supera o tradicional, no qual as detentas são donas da sua própria empresa, o que lhes permite gerar renda e um excedente para ser investido na sustentabilidade de programas de atendimento de saúde psicoemocional, reprodutiva e sexual, que beneficiará toda a população carcerária do COFO, aproximadamente 250 mulheres e 50 crianças", afirmou Ana Mercedes Botero, diretora da Iniciativa de Inovação Social CAF.
As dificuldades que as penitenciárias enfrentam na América Latina são bastante complexas, como as altas taxas de reincidência e os custos para o sistema e para a sociedade.
"Por isso, é indispensável repensar e testar novas ideias", disse Emilio Uquillas, diretor-representante do CAF na Bolívia. "Assim, o CAF, como um banco de desenvolvimento, decide construir este modelo de empresa social que visa contribuir para a reinserção social e laboral dos detentos".
A cerimônia, realizada nas instalações do centro de detenção, contou com a presença de autoridades da Direção do Regime Penitenciário da Bolívia e representantes do Banco Mercantil Santa Cruz, Embaixada da Alemanha, Asociación Semilla de Vida (SEVIDA) e CAF. Durante o evento, abriu-se formalmente a loja do COFO, na qual serão vendidos pão, sobremesas e pastéis bolivianos conhecidos como "salteñas". A comercialização fora da prisão será feita por um grupo de estudantes, voluntários e familiares das detentas que usará bicicletas para oferecer os produtos à comunidade.
No futuro próximo, através de oficinas de formação em produtos de confeitaria e padaria, lecionadas pela Associação do Meio Ambiente e Desenvolvimento em Ação - ENDA, espera-se ampliar a produção de pães para atender à demanda de outras penitenciárias da região. Já nas oficinas de formação de confecção a mão e alta costura, sob a responsabilidade da Fundación Nuevo Norte, será lançado um sistema de vendas por catálogo, sendo que a rede de familiares das detentas será responsável pela distribuição e venda da produção.