Alejandra Alarcón expõe no Artespacio CAF “Cómo Hacerse Cuerpo”
A exposição reúne quadros em aquarela que expressam o processo que cada pessoa vive no tempo de se encontrar, realizar-se e se reconstruir
De 18 de maio até 15 de junho, o Artespacio, a galeria de arte do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- em La Paz, apresenta a exposição "Cómo Hacerse Cuerpo" ("Como Criar Corpo"), da reconhecida artista visual de Cochabamba, Alejandra Alarcón.
"Uma menina é a personagem principal das obras. É uma metáfora na qual a pequena representa qualquer pessoa, um ser que se encontra em um ponto da sua vida onde não tem as coisas definidas, não sabe quem ou como é, mas que também, vive o processo de se encontrar, realizar-se ou se reconstruir. Tudo isso é uma constante transformação na vida de todo indivíduo", explica Alarcón.
Dentro da exposição está uma obra da série "Olor del Clanque", que a artista criou em 2008. A aquarela reflete uma "menina polvo" -como ela mesma se denomina- que decidiu cortar seus tentáculos e reconstruí-los formando apenas um. "A menina constrói sua identidade com o que herdou da sua família (os tentáculos), suas origens, e decide criar uma própria com um jeito que ela escolhe. Isso é o que todas as pessoas fazem, e isso leva a uma mutilação, a estar ferido, mas é algo que foi construído, que é seu. Eu acho que a identidade pode ser alterada e essa mudança é constante", afirma.
A exibição, que conta com um conjunto de trabalhos de diferentes épocas relacionadas com a identidade da mulher contemporânea, reúne 20 quadros em aquarela sobre papel de algodão.
Durante a cerimônia de abertura, o diretor-representante do CAF na Bolívia, Emilio Uquillas ressaltou a manipulação conceitual de Alarcón em suas obras, tocando na questão de gênero.
"É uma exposição desafiadora, uma mostra bastante profunda da feminilidade e, ao mesmo tempo, uma proposta diferente dos contos infantis", disse Uquillas. "Trata-se de uma exploração diferente que é expressa com uma manipulação magistral da aquarela".
Para Douglas Rodrigo Rada, artista contemporâneo e curador do Artespacio, esta exposição reflete a maturidade conceitual da sua criadora, que consegue um diálogo perfeito entre a aquarela e seu discurso de busca de identidade.
"Alejandra faz com que reflitamos na forma com a qual nós mesmos nos autoconstruímos como pessoas", explicou.
Dados da artista
Alejandra Rodríguez Alarcón é uma artista boliviana de grande sucesso internacional. Nasceu em 1976, em Cochabamba, e reside no México há 15 anos. Estudou sociologia na Universidade Maior de San Simón, na cidade de El Valle, e também é formada em artes plásticas na Escola Nacional de Pintura, Escultura e Gravura "La Esmeralda", do INBA, na Cidade do México.
Em 2006, ganhou uma Menção Honrosa na XV Bienal de Santa Cruz de la Sierra; em 2008, realizou o projeto de residência Kiosko, em Santa Cruz; em 2010, participou em Territori del Sud, Prêmio Internacional Bice Bughatti, em Nova Milanesse, na Itália; no mesmo ano, foi selecionada no Quadro de Artistas Emergentes de Polyforum Siquieros, na Cidade do México; também exibiu a obra "Versos de Euforia", na galeria Traeger & Pinto, na mesma cidade.
Em 2011, fez parte das mostras coletivas Women's Lines, na Pantocrator Galleryen, em Xangai, China, e na Galeria Dot Fifty One, em Miami, Estados Unidos; no mesmo ano, realizou residência na Galeria SICART, em Barcelona, Espanha; em 2014, participou do projeto "Sentimientos", que contou com a assessoria artística do renomado artista e curador peruano Rodolfo Andaur, em Lima, Peru, e participou, em 2015, do projeto Mulheres em Ação: Performance Feminina em Vídeo, que teve como curadora Margarita Aizpuru, no Centro Cultural Espanhol em La Paz.
Suas obras participaram de várias exposições individuais e coletivas na Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, China, Espanha, França, Itália, Estados Unidos, México e Peru.
A mostra está em cartaz no Artespacio CAF, localizado na Av. Arce, 2.915, esquina Clavijo (Zona San Jorge), das 09:00 às 12:00 e das 14:30 às 18:00.