Bolívia mostra progresso em educação e inclusão financeira
95% da população conhece pelo menos um dos produtos financeiros, de acordo com os resultados da pesquisa de capacidades financeiras realizada em quatro países andinos
Como uma contribuição ao conhecimento sobre o nível de educação financeira, o CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- apresentou na cidade de La Paz os resultados da "Pesquisa de medição de capacidades financeiras para os países andinos: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru". Esta pesquisa, elaborada com a participação da Associação Solidariedade Países Emergentes - ASPEm - e com o apoio da cooperação italiana, visa oferecer uma contribuição para os responsáveis da execução de políticas públicas no setor financeiro, assim como na elaboração e aplicação de estratégias de inclusão e educação financeira do país.
Entre outros resultados, a pesquisa revela que a cultura da poupança, a escolha de produtos financeiros de uma forma informada, a comparação antes da escolha e a educação financeira em geral são aspectos que na Bolívia se encontram mais desenvolvidos em comparação com outros países do estudo.
O diretor-representante do CAF na Bolívia, Emilio Uquillas, contextualizou a apresentação citando as inúmeras transformações favoráveis que o país experimentou na última década, dentro das quais não escapa o setor financeiro, no qual se registra o acesso de um estrato maior da população. Uquillas citou o caso do grande aumento de pontos de atendimento ao cliente (de 1.800 em 2007 para 4.700 em 2014) e o aprofundamento dos serviços bancários com o aumento das contas de depósitos (1,8 milhão em 2007 para 7,8 milhões em 2014), entre outros aspectos.
"Apesar desses esforços, ainda há oportunidades para melhorar, especialmente na educação da população dentro de um quadro de responsabilidade, porque a banca é um bem público cujos recursos provêm das poupanças das pessoas", declarou.
Uquillas considera que os resultados deste estudo, no qual a Bolívia ocupa uma posição "muito forte" em relação a outros países, contribuirá para a criação de ferramentas apropriadas para aprofundar a inclusão financeira no país.
O universo de entrevistados nos quatro países foi de 4.871 -quase 1.200 por país-, entre homens e mulheres de todos os estratos socioeconômicos.
Nos quatro países,a pesquisa destacou que se registram menores capacidades financeiras para as pessoas com níveis limitados de educação, inativas ou desempregadas, residentes das áreas rurais ou aquelas que pertencem setores socioeconômicos mais carentes.
Entre os desafios mais importantes para a região está a criação de políticas de inclusão financeira que ajudem a reduzir as brechas de gênero, geográficas, de educação e de renda, permitindo que as pessoas acessem o sistema financeiro e, assim, melhorem o bem-estar e a produtividade da população.
Outros dados da pesquisa, no caso da Bolívia, mostram que, embora 95% da população conhece pelo menos um dos atuais produtos financeiros, 33% da área urbana e 43% na área rural não utilizam nenhum e, em porcentuais semelhantes, dizem que não escolheram qualquer um nos dois últimos anos. Os produtos financeiros mais conhecidos são as contas de poupança, os cartões de crédito e as contas correntes.