José Ballivián desenha a cotidianidade da miscigenação na Bolívia
Uma dezena de desenhos feitos com lápis e tinta sobre papel detalham a visão pessoal do artista a respeito da imersão do popular em cidades com influência ocidental
Com uma precisão comparável ao funcionamento dos pêndulos de um relógio, José Ballivián, um artista visual de La Paz, criou desenhos contemporâneos com lápis e tinta, que refletem a sua visão sobre a fusão que existe na vida cotidiana entre a cultura andina e a ocidental. Estas obras serão apresentadas na exposição "Oscilación", a ser inaugurada no dia 17 de junho no Artespacio, a galeria de arte do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-, em La Paz.
"Na exposição será possível apreciar o conceito da oscilação que faz parte do conceito do desenho como uma ação de ida e volta, que é feita com um lápis em um espaço, guiada pelo pulso e pelo ritmo de cada artista", comenta Ballivián, que apresentará 10 trabalhos em branco e preto de vários tamanhos, realizados sobre papel Canson de 220 gramas.
A proposta expressa a integração de elementos e costumes tradicionais de culturas andinas da Bolívia a uma sociedade invadida pelo Ocidente. "São contrastes que se refletem no cotidiano; a união dessas duas culturas se resume em uma miscigenação e desejo mostrar essa fusão a partir de um ponto contemporâneo", explica o artista.
Na obra de Ballivián destaca-se o realismo das formas e figuras. "É possível encontrar pontos, linhas, texturas que dão formas às ideias que se plasmam posteriormente nos desenhos", disse.
Trajetória do artista
José Ballivián nasceu em La Paz e desde pequeno se interessou por poesia, a qual usa como uma maneira de expressão pessoal. Em 1997, começou seus estudos em Comunicação Social na Universidade Mayor de San Andrés (UMSA), onde descobriu a linguagem visual e decidiu entrar na Academia Nacional de Belas Artes "Hernando Siles" de La Paz.
De 1999 até hoje, realizou várias exposições conjuntas e individuais em espaços nacionais e internacionais. Os temas das suas obras têm como base o marginal, o popular e o mestiço, utilizando como ferramentas desenho, escultura, instalações, performance e vídeo-arte, tudo a partir de uma perspectiva contemporânea.
Ballivián trabalha como curador independente, atuando especificamente com jovens artistas para contribuir na formação artística dos mesmos; ao mesmo tempo, realiza uma pesquisa sobre performance, vídeo-arte e desenho na Bolívia.
A exposição estará aberta até 31 de julho no Artespacio CAF, localizado na Av. Arce Nº 2915 (Zona San Jorge), das 09:00 às 12:00 e das 14:30 às 18:00.