CAF abre sua conferência anual com um chamado para estabelecer consensos na América Latina

O CAF -banco de desenvolvimento da América Latina- abriu hoje sua reunião anual em Washington com um chamado aos líderes da região para estabelecer um consenso rumo a um crescimento econômico mais sustentável e inclusivo, em momentos nos quais surgem renovados desafios geopolíticos que colocam a economia e as instituições hemisféricas à prova.

Perante mais de 1.200 líderes das Américas, reunidos no Hotel Willard na capital dos Estados Unidos para discutir os principais desafios do hemisfério no dinâmico cenário global, o presidente do CAF, Enrique García, exortou aos líderes políticos para que pensem em longo prazo para empreender mudanças estruturais na região.

"Na América Latina e nos países em desenvolvimento é necessário um modelo de crescimento que seja menos volátil, que seja de alto nível, de caráter inclusivo e eficiente, além de sustentável em relação ao meio ambiente", declarou García em seu discurso de abertura. "Se o que se deseja é uma agenda de longo prazo, é necessário um consenso, porque as mudanças de caráter estrutural não ocorrem em quatro ou cinco anos, mas em 15 ou 20 e, para isso, a oposição e os governos devem concordar com uma agenda conjunta, e o setor privado, os governos, os sindicatos, a sociedade devem ser parte disso".

No dia de abertura da conferência, organizada pelo CAF em conjunto com Diálogo Interamericano e a Organização dos Estados Americanos (OEA), García também destacou o novo cenário econômico que a região enfrenta, marcado por um menor crescimento da China e uma queda nos preços das matérias-primas.

"Apesar de que os Estados Unidos estejam caminhando na direção correta, a Europa ainda tem problemas, o Japão está se movendo lentamente e a grande surpresa é que houve um processo de ajuste na China, que é lógico, mas que teve um impacto significativo na América Latina", disse García.

Por sua vez, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, que foi ministro de Relações Exteriores do Uruguai, destacou que a região enfrenta uma nova dinâmica, embora esteja atravessando "velhos problemas", tais como a imigração. "É necessário encontrar soluções no terreno e levar as soluções para aqueles que estão sofrendo", afirmou Almagro. "Esse é o principal desafio".

Os discursos de abertura concluíram com o do presidente do Diálogo Interamericano, Michael Shifter, que pediu uma estratégia para aprofundar a integração regional e lembrou que países como Argentina, Venezuela e Guatemala realizam eleições este ano, o que poderia mudar parte do cenário político da região.

Após os discursos foi a vez do painel intitulado "Os desafios geopolíticos do continente", moderado por Patricia Janiot, da rede de televisão CNN em Espanhol, com a participação de Almagro, Roberta Jacobson, secretária de Estado da Casa Branca para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Martin Torrijos, ex-presidente do Panamá, e Marco Aurélio Garcia, assessor de Relações Exteriores da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, entre outros.

A discussão durante esta sessão girou em torno da necessidade de lutar contra a corrupção de maneira aberta e transparente, e abordou temas como os problemas de segurança pública, os desafios da democracia, o fortalecimento das instituições, o papel da OEA perante o futuro e as tensões bilaterais entre os países da região.

A reunião continuará na quinta-feira com painéis que abordarão o estado da integração regional e discutirão a evolução da classe média latino-americana e as relações da América Latina com a Ásia. O evento terminará com uma sessão a respeito do novo cenário em Cuba após a recente aproximação com os Estados Unidos.

A conferência pode ser acompanhada por streaming na página /es/actualidad/eventos/2015/09/xix-conferencia-anual-caf/, onde também estão disponíveis os vídeos dos painéis realizados nesta quarta-feira.