Especialistas advertem que a América Latina deve se ajustar a um novo padrão de crescimento

A economia da América Latina está em uma etapa de transição para um menor crescimento e, neste contexto, precisa realizar reformas que consolidem os avanços sociais registrados na última década, concordaram os especialistas que participaram nesta quinta-feira do segundo e último dia da XIX Conferência Anual do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina.

Em um painel sobre os desafios que o desenvolvimento regional enfrenta no atual cenário global, o presidente-executivo do CAF, Enrique García, pediu para que não haja desânimo perante o aparente final do apogeu e que se pense no longo prazo para encarar as mudanças estruturais que façam sustentáveis as realizações como a redução da pobreza e a ascensão das classes médias.

"As coisas mudaram; há problemas, mas eu acho que deveríamos colocar as coisas em uma balança e olhar para o médio e o longo prazo", afirmou García. "Temos que pensar nos temas estruturais, na convergência com países industrializados, em como manter o sucesso obtido na redução da pobreza".

Após ter experimentado uma recuperação depois da crise financeira mundial de 2008, o crescimento da América Latina sofreu uma desaceleração, atingido pelo arrefecimento da economia chinesa e pela queda dos preços das matérias-primas. Em seu último Panorama Econômico Mundial, publicado em julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu, pela segunda vez este ano, as suas estimativas para a expansão econômica da região para 0,5% e 1,7% em 2015 e no próximo ano.

O diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner, destacou que a região está passando por um ajuste em seus termos de intercâmbio que questiona os marcos macroeconômicos e faz com que seja necessário caminhar rumo a um "novo equilíbrio".

"Em longo prazo, a questão mais importante é como recuperar o crescimento sustentado na região e aproveitar este cenário de menor crescimento para que, através de reformas estruturais, da integração regional, da abertura e da promoção da competitividade, seja possível reestabelecer um processo de crescimento mais elevado no futuro", explicou Werner, ex-vice-secretário da Fazenda do México.

Nesta quinta-feira, os primeiros painéis da conferência, organizada pelo CAF junto com a Organização dos Estados Americanos e o Diálogo Interamericano em Washington, concentraram-se nos desafios da América Latina e na sustentabilidade da classe média, vulnerável perante a atual fase de menor crescimento.

"Sem maior produtividade é difícil pensar em classes médias que serão sustentáveis em longo prazo", disse o vice-presidente de Setores e Conhecimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Santiago Levy.

Os especialistas também destacaram o fortalecimento da nova classe média, que resultou em um ressurgimento das demandas sociais.

"Passamos de uma década de ouro, na qual se reduziu a pobreza, registrou-se o crescimento da classe média, os salários aumentaram, e isso gerou um clima de opinião que, de alguma forma, deu lugar agora para uma frustração perante o que significa a desaceleração da economia mundial", declarou, por sua vez, o ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Enrique Iglesias, que foi entrevistado pelo analista Moisés Naím durante uma das sessões do evento. "A questão atual é saber como fazemos esta transição e aproveitamos as reformas que nos restam fazer".            

A Conferência Anual do CAF pode ser acompanhada ao vivo através deste link: /es/actualidad/eventos/2015/09/xix-conferencia-anual-caf/.

Para ver os vídeos das apresentações mencionadas na matéria acima, por favor, acesse os seguintes links:

Para baixar vídeos em HD:

http://media.newlink-group.com/clients/CAF/2015/EVENTOS/TV-Highlight-CAF-Sept-10-Spanish.mp4.zip

Para visualizar no Youtube:

https://youtu.be/G-W2byIzUis