Penitenciárias de seis cidades competem para estrear no Festival Ibero-americano de Teatro de Bogotá
Com a apresentação da obra "Antígona", de Sófocles, adaptada e dirigida por Victoria Hernández, o grupo de teatro da Penitenciária de Mulheres El Buen Pastor, em Bogotá, abrirá oficialmente o II Festival Nacional de Teatro Carcerário no próximo dia 22 de fevereiro, na Casa Libertad. Esta experiência, liderada pela Fundação Teatro Interno, em parceria com o CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- e a sua iniciativa de Inovação Social, será realizada ao longo de duas semanas nas principais cidades do país.
Assim começa a reta final de um processo no qual a arte se coloca a serviço da transformação pessoal, da ressocialização e da inclusão social da população carcerária, cujo prêmio será uma apresentação única no XV Festival Ibero-americano de Teatro de Bogotá, no dia 18 de março, no Teatro Nacional Fanny Mikey.
Fazer do teatro uma ferramenta a serviço da geração de oportunidades para a população que vive em reclusão é um projeto inédito na Colômbia. Uma experiência que transcende o espetáculo e visa a reconciliação e a reabilitação das pessoas privadas de liberdade.
Para a atriz colombiana Johana Bahamon, diretora da Fundação Teatro Interno, que iniciou e liderou esta cruzada pela reivindicação da população carcerária e recém-liberada no país, "este festival é uma prova contundente de como os erros podem se converter em oportunidades e, por sua vez, como as oportunidades transformam e reconciliam os seres humanos". "As grades limitam o espaço físico, mas não a imaginação e as possibilidades de uma segunda chance para aqueles que foram punidos", disse Bahamon. "Além disso, permite que o interno se reconcilie consigo mesmo, materializando ilusões e expressando sua vontade de combater o estigma social ao reencontrar valores perdidos".
Por outro lado, a necessidade de desenvolver soluções úteis para alguns dos desafios sociais que assolam a América Latina é um dos imperativos da região, e o CAF, como um banco multilateral e de inovação social, está presente neste desafio. "Precisamos de melhores soluções e de soluções diferentes para atender à situação carcerária dos nossos países e, neste sentido, o teatro como ferramenta terapêutica e educativa tem o potencial de contribuir para a reabilitação e a ressocialização da população carcerária, assim como a humanização da política criminal no contexto das políticas públicas", disse Ana Mercedes Botero, diretora de Inovação Social da instituição financeira.
Após longas sessões de ensaios com os diferentes grupos, que incluíram prática teatral, expressão corporal, aulas de voz, figurino, cenário, maquiagem cênica, entre outros, a rodada de apresentações continuará no dia 24 de fevereiro no Coliseu Alfaguara de Jamundí, com a obra "Los Bandidos", de Schiller, representada por integrantes do Complexo Carcerário e Penitenciário, e dirigida por Lysimachus Núñez, cujo grupo foi vencedor do primeiro festival. Em 26 de fevereiro, no Teatro Zulima de Cúcuta, será apresentada a peça "La Orgía", de Enrique Buenaventura, dirigida por Nancy García e interpretada pelo grupo teatral do Complexo Carcerário e Penitenciário Metropolitano.
A festa dos palcos passará no dia 1º de março para a Universidade de Córdoba, em Montería, onde o grupo do Estabelecimento Penitenciário de Segurança Média e Carcerária interpretará "La Ópera de los Tres Centavos", de Bertolt Brecht, dirigida por Miguel Gambín. No dia 2 de março, a apresentação será no Teatro da Cruz Vermelha em Armenia, com a obra "Nuestra Natasha", de Alejandro Casona, dirigida por Jaime Torres e representada pelo grupo da Prisão de Mulheres.
O encerramento do festival acontecerá no Pequeno Teatro de Medellín, no dia 4 de março, com a estreia mundial de "Desde adentro", obra inédita do diretor Ricardo España, cocriada e musicalizada pelos integrantes do grupo do Estabelecimento Penitenciário Justiça e Paz de Itagüí.
Esta iniciativa conta com o apoio do Ministério de Justiça e Direito, e do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (INPEC). Um júri, integrado por María Fernanda Fuentes, Angélica Blandón e Daniel Botero, será responsável pela escolha do grupo vencedor do II Festival Nacional de Teatro Carcerário e, assim, reconhecer o esforço, a criatividade, a dedicação e a originalidade de mais de 100 internos que participam diretamente no programa e que demonstrarão nos palcos que embora estejam atrás das grades, seu espírito permanece livre.