Recomendam que os países latino-americanos modernizem estratégias comerciais e produtivas para incentivar a relação com a China
O comércio entre a China e a América Latina experimentou uma "expansão sem precedentes" nos últimos 15 anos, mas o comércio de matérias-primas está atingindo seu limite e é necessário buscar novas estratégias para fortalecer a parceria com a China, que "tem sido -e continuará sendo- um elemento de mudança real para a região".
Estas afirmações estão incluídas no relatório "Perspectivas Econômicas da América Latina 2016: Rumo a uma nova parceria com a China", elaborado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), junto com o CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), e apresentado em um evento realizado na sede do Ministério de Relações Exteriores do Uruguai.
Um painel de alto nível discutiu o conteúdo do texto e apresentou suas conclusões, perante uma plateia cheia de empresários e representantes de organizações internacionais.
"Temos a obrigação de nos repensar como região e como país em relação ao acesso aos mercados", disse o vice-chanceler José Luis Cancela. "Temos que desenvolver estratégias comerciais que nos permitam entrar no mundo e prestar atenção especial à China".
Segundo Cancela, o Uruguai tem que diversificar e modernizar sua estratégia produtiva, incluindo os setores de serviços e de alimentos, entre outros, que interessam à China.
Por sua vez, o vice-secretário do Ministério da Economia, Pablo Ferreri, destacou que o governo está trabalhando para ampliar a relação com a China. Neste sentido, anunciou que o presidente Tabaré Vázquez viajará este ano para aquele país e realizará uma série de reuniões com empresários e autoridades para avançar acordos e criar oportunidades de negócio.
O conteúdo central do relatório foi apresentado por Mario Pezzini, diretor do Centro de Desenvolvimento da OCDE, que destacou o forte crescimento das economias emergentes nos últimos anos. "Entre 2000 e 2010, 83 países emergentes cresceram mais do que o dobro da média dos países da OCDE", afirmou Pezzini, que também se perguntou se esse crescimento é sustentável e pediu para que se busquem novas estratégias de comércio e de desenvolvimento.
Nesse sentido, o documento indica que "para continuar sendo competitiva perante a China, a América Latina deve diversificar e modernizar sua estrutura produtiva, tendo como base políticas inovadoras de desenvolvimento produtivo".
O painel de especialistas que analisou o relatório também foi integrado por Gladis Genua, diretora-representante do CAF do Uruguai; Ricardo Nario, diretor-geral de Assuntos Econômicos Internacionais do Ministério de Relações Exteriores; Sebastián Rovira, coordenador da Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial da CEPAL; e Gabriel Papa, assessor do Ministério de Economia e Finanças.