Como o Equador e a América Latina devem administrar sua relação comercial com a China?
Durante os últimos 15 anos, a América Latina e a China construíram uma relação sem precedentes, o que significou um aumento dos fluxos comerciais anuais de mais de 130% em média desde o ano 2000 até agora. No entanto, o modelo começa a mostrar limitações causadas pela queda dos preços e pela redução na demanda de matérias-primas por parte do mercado chinês, o que coloca em evidencia a ainda vulnerável economia latino-americana perante condições externas.
Diante dessa realidade, foi apresentado em Quito o relatório "Perspectivas Econômicas da América Latina 2016: Rumo a uma nova parceria com a China", documento que apresenta uma série de análises e recomendações para que a região aproveite a transformação socioeconômica que a China está vivendo e capitaliza as oportunidades como parte da sua agenda de desenvolvimento.
"O relatório propõe a melhoria dos fluxos financeiros para suprir as deficiências que ainda existem na região e identifica oportunidades importantes para o Equador como o desenvolvimento do turismo e a exportação de produtos agrícolas com valor agregado, para dar alguns exemplos", explicou Bernardo Requena, diretor-representante do CAF no Equador, durante seu discurso de boas-vindas.
Por sua vez, Wang Yulin, embaixador extraordinário e plenipotenciário da República da China no Equador, definiu parte da política da China em relação à região como "uma nova definição das relações entre ambas as partes como uma parceria de entendimento integral entre a China, a América Latina e o Caribe, caracterizada pela igualdade, pelo benefício mútuo e pelo desenvolvimento compartilhado".
Durante o evento, Adriana Arreaza, diretora de Estudos Macroeconômicos do CAF, e Juan Vázquez, economista do Centro de Desenvolvimento da OCDE, foram os responsáveis pela apresentação do relatório que, entre suas várias conclusões, menciona que o comércio entre a China e a América Latina tem experimentado um forte crescimento, mas o comércio de matérias-primas está chegando ao seu limite e é necessário buscar novas estratégias para fortalecer a parceria com a China, que tem sido -e continuará sendo- um elemento de mudança real para a região e o mundo.
Como parte da agenda do evento ocorreu o debate "Visão do Equador e sua relação estratégica com a China", no qual se analisou a atual e a futura relação comercial do país a partir da perspectiva do Estado, com as participações de Alejandro Dávalos, vice-ministro de Comércio Exterior, com Simón Cueva, diretor acadêmico regional de Laureate. O debate foi moderado por Lenin Parreño, economista-chefe do CAF no Equador.
Entre as principais conclusões deste fórum se mencionou que o Equador, assim como o resto da região, ainda não está preparado para responder às novas necessidades do mercado chinês, que exigem cada vez menos produtos primários, nem para assinar um tratado de livre comércio.
Também se discutiu sobre a necessidade de transformar a estrutura produtiva e sobre a importância de diversificar a oferta de produtos não petrolíferos -mais tecnológicos e com valor agregado- e serviços, desenvolvimento conhecimentos e habilidades, assim como a definição de políticas favoráveis que facilitem o acesso esse mercado. Além disso, destacou-se o papel importante que a China cumpre ao financiar projetos e o pouco investimento estrangeiro que é realizado, o que representa mais uma das oportunidades que o gigante asiático oferece neste momento de transformação.
Este relatório abre o debate sobre o presente e o futuro das relações entre a América Latina e a China, considerando as tendências e os desafios para ambas as economias. Essa é a quarta edição desse relatório e é a primeira vez que o mesmo é apresentado no Equador.
O relatório está disponível em formato digital no website www.latameconomy.org.