América Latina e Caribe devem apostar pela transformação produtiva
Estes encontros, organizados pelo CAF e pelo grupo Vocento, são um espaço de debate e reflexão no qual interveem figuras destacadas da cultura e do pensamento hispano-americanos.
Fernández de Soto, na palestra de abertura deste ciclo de mesas redondas, compartilhou com o público uma série de reflexões sobre o contexto global e seus desafios, destacando a crise da governança mundial e a necessidade de lideranças para enfrentar esses desafios.
Neste contexto, o diretor para a Europa do CAF estabeleceu as oito tendências globais que, na sua opinião, irão configurar o mundo dos próximos anos. O peso crescente das economias emergentes, especialmente da China e da Índia; a fragmentação do comércio internacional com um aspecto cada vez mais multipolar que exigirá novas regulamentações; as mudanças demográficas e o ritmo crescente de urbanização; os desafios em matéria de emprego, habitação, energia e infraestruturas; as mudanças climáticas e a concorrência pelos recursos naturais; a revolução digital que está transformando os paradigmas da sociedade moderna; a complexidade da segurança internacional; a emergência das classes sociais e da globalização financeira foram os temas que Fernández de Soto apresentou com detalhes na sua palestra.
Todas estas questões devem ser abordadas a partir de uma perspectiva global e, para isso, o sistema internacional tem que contar "com as instituições que precisam se adaptar a estes novos desafios", disse Fernández de Soto.
A América Latina e o Caribe viveram uma transformação nesses últimos anos, conseguindo a estabilidade democrática e econômica, mas, recentemente, as condições mudaram e, nesse sentido, Fernández de Soto afirmou que a desaceleração da China e o fim da política monetária expansionista nos Estados Unidos como variáveis que impactam a região.
Por esses motivos, o diretor para a Europa do CAF defendeu "a transformação produtiva que vai permitir à América Latina um aumento na produtividade e no desenvolvimento de cadeias de valor regionais". Para atingir este objetivo, Guillermo Fernández de Soto destacou que é "indispensável fechar a lacuna de infraestrutura e incluir o setor privado em planos de longo prazo que contribuem para minimizar os riscos associados com a mudança de prioridades nas novas administrações". Finalmente, apostou pela melhoria da qualidade da educação e pelo maior investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação como fundamentais para que a América Latina e o Caribe enfrentem seus desafios mais imediatos.
Esta inauguração também contou com a presença de Claudio Muñoz, presidente da Telefônica no Chile, e Luis Enríquez, representante da Vocento.
Após a intervenção de Guillermo Fernández de Soto, começaram as mesas redondas deste segundo dia do evento Futuro em Espanhol. A primeira teve o título "Inovação e tecnologia no desenvolvimento das cidades com futuro", e intervieram Mauricio Agudelo, especialista sênior de Telecomunicações do CAF -banco de desenvolvimento da América Latina-; Claudio Maggi, diretor de Desenvolvimento Competitivo do Corfo; Eugenio Fontán, decano-presidente do Colégio Oficial de Engenheiros de Telecomunicações na Espanha; Juan Carlos Martínez Aguilar, gerente de Inovação da Telefônica Chile; e Osvaldo Rosales, ex-diretor da Divisão de Comércio Internacional e Integração da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL). A sessão foi moderada por Juan Luis Núñez, gerente-geral da Fundação País Digital.
Após este debate entre especialistas ocorreu a mesa redonda "Novos modelos de desenvolvimento urbano na América Latina e na Espanha", que contou com a participação de Concepción Gamarra, prefeita de Logroño e vice-presidente da Rede Espanhola de Cidades Inteligentes; Tomás Vera, presidente da Fundação Cidade e diretor do Fórum Ibero-americano de Cidades; e Fernando Herrera García, presidente da Comissão de Urbanismo da Câmara Chilena da Construção. Este último debate foi moderado por Carlos Zeppelin, presidente da Corporação de Desenvolvimento Tecnológico.
O evento Futuro em Espanhol terminou com o discurso de Pedro Huichalaf, subsecretário de Telecomunicações do Chile. Esta edição finalizou com um almoço privado no qual se apresentaram as últimas conclusões do estudo "Valor econômico do espanhol: uma empresa multinacional", uma iniciativa da Fundação Telefônica.