“Deve-se trabalhar em uma relação estratégica mais simétrica entre a China e a América Latina”: Eleonora Silva
A transformação que a China está experimentando representa uma "grande oportunidade" para a estratégia de desenvolvimento da região e do Peru, destacando a importância da construção de esquemas eficazes de cooperação.
Esta foi uma das principais conclusões do seminário internacional "A conexão chinesa na política externa do Peru no século XXI", organizada pela London School of Economics (LSE), Instituto de Estudos Internacionais (IDEI) e Escola de Governo e Políticas Públicas da Pontifícia Universidade Católica do Peru (PUCP).
O evento foi realizado como parte de um projeto da Unidade do Sul Global da LSE sobre a política externa dos países da Aliança do Pacífico com relação à China, que conta com o apoio do CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina-, como parte da parceria estratégica entre ambas as instituições para promover o conhecimento sobre o papel dos países emergentes no novo cenário internacional.
Ao abrir o evento, Álvaro Méndez, pesquisador da LSE, afirmou que a transição do modelo econômico chinês -passando de uma economia que gira em torno de exportações para uma que depende do consumo interno- teve um impacto negativo sobre a demanda por matérias-primas e, portanto, sobre os preços destas.
Por sua vez, Javier Alcalde, coordenador do Grupo de Pesquisa sobre a Ordem Internacional da Escola de Governo e Políticas Públicas da PUCP, declarou que a recomposição do consumo interno chinês abrirá novas perspectivas para as exportações latino-americanas, especialmente para a indústria de alimentos, serviços e turismo, onde o Peru tem um grande potencial.
Já Fabian Novak, diretor do IDEI, destacou a importância contida na complementaridade das economias asiática e latino-americana, assim como o impacto positivo que teve o crescimento acelerado da China em investimentos e exportações da nossa região.
Após afirmar que "se deve trabalhar uma relação estratégica mais simétrica entre a China e a América Latina, de longo prazo, integral, dinâmica e equilibrada", Eleonora Silva, diretora-representante do CAF no Peru, disse que não há impedimentos para que a região latino-americana emule o sucesso das economias asiáticas nos últimos 50 anos. A este respeito, explicou que o CAF continuará desempenhando "um papel catalisador" para construir pontes a fim de fortalecer a aproximação entre a América Latina e a China, de modo que possam aproveitar plenamente as oportunidades mencionadas.
"Nosso compromisso é continuar trabalhando para prosseguir com os contatos estabelecidos pelo CAF com entidades públicas e privadas chinesas, assim como identificar novos contatos de interesse e oportunidades de negócios para a região", declarou Silva. "Estamos conscientes de que, além disso, um dos aspectos fundamentais para criar uma relação sustentável com a China é apostar na educação e no intercâmbio de conhecimentos entre ambas as partes".
O evento reuniu especialistas de nível regional e mundial para discutir a respeito das relações entre a China e o Peru, entre os quais se destaca Chris Alden, autor do best-seller "China in Africa" e diretor da Unidade do Sul Global da LSE. Também contou com a participação de 14 palestrantes internacionais do mundo acadêmico, comercial e diplomático, incluindo Gonzalo Gutiérrez, ex-ministro de Relações Exteriores do Peru; Luzmila Zanabria, ex-embaixadora do Peru na China; e Julio Chan, coordenador-geral do Fórum de Cooperação Econômica do Ásia-Pacífico (APEC).