América Latina aprende com as crises passadas para enfrentar um presente complexo
Ao recepcionar os participantes, Guillermo Fernández de Soto, diretor para a Europa do CAF, destacou que este fórum se transformou no referente mais destacado de análise sobre a situação econômica da América Latina, Espanha e União Europeia. "O momento atual da realidade global é particularmente complexo e, por isso, fortes lideranças e consensos são necessários para enfrentar os desafios de hoje".
Após esta intervenção, foi a vez das palestras de Germán Rios, diretor corporativo de Assuntos Estratégicos do CAF, e de Rafael Domenech, economista-chefe de Economias Desenvolvidas do BBVA.
O foco da palestra de Ríos foi uma explicação de como a região latino-americana experimentou, nas décadas anteriores, uma redução nas taxas de pobreza, uma melhora no desempenho democrático e uma evolução positiva da economia. Neste sentido, na prática econômica, a América Latina se mostra heterogênea, com grandes diferenças de desempenho entre os países.
Também destacou a ideia da "tempestade perfeita", enumerando os fatores que afetam negativamente a região como o declínio global e a queda do comércio internacional; a desaceleração da China e sua mudança de modelo; a volatilidade dos capitais financeiros com a incerteza sobre o futuro da economia mundial; a política monetária nos Estados Unidos e a queda dos fluxos de investimento estrangeiro direto.
Neste contexto, e em relação à América Latina, ressaltou os seus problemas estruturais, tais como a baixa produtividade; uma educação de pouca qualidade; o déficit de infraestrutura; uma escassa diversificação da economia e uma baixa inovação e integração nas cadeias de valor produtivas globais.
Mas, também enumerou os elementos positivos que a região tem à disposição para fazer frente a este choque. Ríos destacou, neste sentido, os importantes recursos naturais, a decolagem da classe média e o bônus demográfico, as empresas "multilatinas", a solidez do sistema financeiro e os baixos níveis de dívida pública.
Uma das soluções que o diretor do CAF sugeriu para a América Latina neste turbulento contexto internacional é de passar do macro ao microeconômico, mas preservando tudo o que é obtido em relação à redução da pobreza e ao fortalecimento da classe média. A transformação produtiva é um processo longo no qual nem todos os países estão trabalhando no mesmo ritmo e "a única maneira de crescer é apostar na melhoria dos padrões educacionais, na modernização do marco regulatório e institucional, no fortalecimento dos grupos regionais, na eliminação do déficit de infraestruturas e na criação de um ecossistema de empreendedorismo".
Por sua vez, Rafael Doménech concentrou sua análise em desmiuçar as perspectivas da economia espanhola e europeia. Destacou que o cenário econômico melhorou e que as incertezas diminuíram, embora o crescimento continue sendo frágil. Neste sentido, afirmou que "é importante que se leve em conta que essa nova normalidade do mundo tem um potencial menor do que tinha antes da crise mundial".
Em seguida, sua palestra repassou o desempenho de diversas economias como a espanhola, que descreveu como assimétrico, em que as reformas estruturais são necessárias para criar empregos mais estáveis e de mais qualidade. O economista observou que uma das novidades "é uma desaceleração do crescimento no comércio de bens, quer dizer, da globalização". Além disso, e em termos dos riscos que devem ser monitorados, os quais ele determinou em função do seu impacto e da sua probabilidade, afirmou que se tratam da crise financeira na China, da desaceleração nos Estados Unidos, do Brexit e a consequente crise institucional na União Europeia, e da vulnerabilidade das economias emergentes.