As cinco vantagens para o Uruguai se fortalece suas hidrovias, segundo Astori
O CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- apresentou o Programa Regional para o Desenvolvimento de Hidrovias Sul-americanas durante uma palestra que contou com a participação de autoridades nacionais e subnacionais dos países da região. O trabalho indica que as hidrovias são um fator importante de desenvolvimento econômico e social dos países da região, que têm o desafio de aproveitar esses potenciais. Neste sentido, a adequação de políticas públicas, a melhoria da navegabilidade, a construção de portos, o desenvolvimento da infraestrutura e da logística foram algumas das questões recomendadas durante a apresentação do relatório do CAF.
"Durante os últimos 15 anos, o CAF converteu-se na principal fonte de financiamento de infraestrutura na América Latina e contribuiu de forma direta para concretizar mais de 65 projetos de integração física que unem os países de diversas formas, abrangendo áreas como energia, transporte e logística", disse Enrique García, presidente-executivo do CAF. "Na questão das hidrovias, calculamos que houve um avanço, mas ainda não foi suficiente, e é por isso que propomos um programa mais ativo para realizar o que muitos de nós já temos como um sonho, que é a integração da América Latina", continuou. "As hidrovias, mais além da integração fluvial, são um modelo para a futura transformação produtiva, através do qual a América do Sul deve buscar transitar de um modelo tradicional de vantagens comparativas para um de vantagens comparativas dinâmicas, a fim de se inserir de maneira competitiva nas cadeias globais de produção e comércio".
Por sua vez, o ministro de Economia e Finanças, Danilo Astori, ressaltou a necessidade de aproveitar as vantagens naturais que a região oferece para o desenvolvimento de hidrovias e, assim, incentivar a integração.
"Setenta por cento do território da região está coberto por bacias hidrográficas navegáveis que possuem, no entanto, problemas de infraestrutura", afirmou, referindo-se aos déficits na navegabilidade e à escassa infraestrutura portuária em qualidade e em quantidade. "É por isso que temos que trabalhar bastante para aproveitar os recursos naturais renováveis e convertê-los em uma vantagem competitiva", prosseguiu Astori. "Vejo, pelo menos no caso do Uruguai, cinco grandes vantagens para trabalhar nesse sentido; por um lado, a oportunidade de abrir empreendimentos multinacionais nessa área; em segundo, uma importantíssima melhoria na competitividade, por exemplo, se pensarmos nos custos de transporte; em terceiro, trabalhar nas hidrovias nos oferece a possibilidade de promover polos específicos de desenvolvimento nos lugares onde estão localizados; quarto, detectar oportunidades para a indústria naval e, finalmente, melhorar as condições de investimento e desenvolvimento nas nossas sociedades como um todo".
Já o ministro de Transporte e Obras Públicas, Víctor Rossi, afirmou que a apresentação do programa elaborado pelo CAF chega em bom momento.
"Depois de muitas dificuldades, os valores da estratégia de desenvolvimento das hidrovias na região foram reconhecidos", disse Rossi, comentando também que houve progressos significativos nas hidrovias que compõem os rios Uruguai e Paraná-Paraguai, e que a realidade nesta área está cheia de potencial para seu desenvolvimento.
O presidente da Fundação Astur, Enrique Iglesias, também fez parte do encontro e expressou que não há desenvolvimento econômico se não existir capacidade de mobilização de recursos para todas as formas de infraestrutura.
"Devemos investir 6% do PIB em infraestrutura para estar em dia com os desafios do sistema produtivo e da mobilidade social, e não estamos chegando nem aos 3%", explicou, antes de tocar no tema das hidrovias. "Basta olhar para a Europa e para o sudeste asiático para entender como esses grandes veias que a natureza nos deu são os grandes veículos que realmente podem estimular o crescimento econômico e, especialmente, a integração", disse.
O objetivo do programa é contribuir para a promoção do desenvolvimento de hidrovias sul-americanas com uma visão integral e sob os princípios de cooperação entre os setores público e privado, integração, complementaridade e cuidado do meio ambiente. Os pilares sobre os quais se baseia são: navegabilidade e portos, transporte e logística, institucionalidade e normas, e modelos de gestão. Sobre os mesmo se encontram temas diferentes que vão desde a construção e a melhoria dos portos, acessos e logística, até questões institucionais de desenvolvimento empresarial, capacitação e gestão, todos apoiados na sustentabilidade ambiental, social e financeira. A primeira etapa do plano de ação inclui as hidrovias Paraguai/Paraná, Magdalena, Uruguai/Brasil e Rio Uruguai, enquanto que a segunda levará em conta as hidrovias Amazônica, Meta/Orinoco e Napo (Manta/Manaus).