Pescadores artesanais e MPEs têxteis do Peru são beneficiados com projetos sócio-produtivos
Mais de 600 membros de 53 associações de pescadores artesanais do sul peruano se beneficiaram com o projeto de repovoamento, gestão responsável e sustentável de recursos da aquicultura, enquanto que cerca de 200 microempresas têxteis de cinco regiões do país foram treinadas na implantação de boas práticas de comércio justo e ético.
As inovadoras iniciativas são descritas na publicação "Novos caminhos para o desenvolvimento", apresentada hoje e que resume as realizações destes projetos promovidos pelo CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- e pelo Fundo Geral de Cooperação Italiana (FGCI)-, em parceria com o Ministério da Produção e do Vice-ministério de Pescaria, no primeiro caso; e do Ministério de Comércio Exterior e Turismo e a PROMPERÚ, no segundo.
O "Estudo do recurso pesqueiro artesanal no sul do Peru" foi realizado em parceria com oIstituto Per la Cooperazione Universitaria(ICU) e permitiu treinar as Organizações Sociais de Pescadores Artesanais (OSPA's) de Ica, Arequipa, Moquegua e Tacna no repovoamento de espécies depredadas como os moluscoschanqueelapa; assim como o cultivo de algas e ouriços do mar, produtos marinhos que são atualmente comercializados através daSustainable Fishery TradePeru, uma empresa que nasceu como resultado do projeto em restaurantes gourmet reconhecidos do país, como a rede de Gastón Acurio, entre outros.
Deve-se destacar que este projeto teve um alto nível de inovação na aquicultura peruana, pois se implantou o primeiro sistema suspenso para o cultivo de algas vermelhas no Peru, a primeira jaula artesanal gerenciada pelos pescadores e a primeira experiência de importação e repovoamento de ouriços.
Em resumo, o projeto de repovoamento e cultivo de espécies marinhas permitiu obter avanços em matéria de gestão, inovação, conscientização e sustentabilidade na gerência dos recursos marinhos e da economia das famílias, com um mercado nacional e potencialmente internacional.
Por outro lado, o projeto "Sistema de comércio justo e ético na indústria têxtil e de confecções no Peru" permitiu treinar - em parceria com Altromercato e PROMER - cerca de 200 micro e pequenas empresas de Arequipa, Cusco, Junín, Lima e Puno, e implantar as Boas Práticas de Comércio Justo, que têm como base o respeito, a transparência e o diálogo, e inclui práticas sociais e ambientalmente responsáveis, mas também faz alusão a uma relação comercial voluntária e justa entre produtores e consumidores, em que a qualidade e a igualdade são fundamentais para a determinação do valor de um produto.
As MPEs que participam no projeto assumiram o desafio de melhorar aspectos de diversas índoles como gestão, elaboração, diversificação de coleções, relações com a cadeia de valor, assim como a evolução do processo produtivo para aumentar a qualidade e a competitividade.
A iniciativa permitiu a obtenção da certificação de Fair Trade para 13 MPEs, o acesso à rede comercial de Comércio Justo e Ético, a participação na Peru Moda e em outras reconhecidas feiras internacionais, e incursionar nesse nicho do mercado mundial e ampliar o volume e o valor das exportações.
Segundo a PROMPERÚ, as exportações totais de cerca de 100 empresas que participaram no projeto foram enviadas aos Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Holanda, Reino Unido, Áustria, Suíça, Equador, entre outros, superando os USD 23 milhões, o que significa um aumento de 15% nos últimos quatro anos.
É necessário ressaltar que 70% da mão de obra destas MPEs está formada por mulheres com amplo conhecimento tradicional sobre o processo de tecelagem, fiação e produção artesanal de peças de vestuário como casacos, jaquetas, capas, ponchos, blusas, gorros, luvas, xales, echarpes, entre outras, com material de alpaca, baby alpaca e algodão pima.
Na apresentação dos resultados de ambos os projetos, que aparecem na publicação "Novos caminhos para o desenvolvimento", participaram Eleonora Silva, diretora-representante do CAF no Peru; Miriam Guimaray, delegada da Agência Italiana para o Comércio Exterior; e Ricardo Limo, vice-diretor de desenvolvimento exportador da PROMPERÚ.
A execução destas iniciativas demonstra que é possível promover projetos sócio-produtivos que gerem inclusão, assim como reduzir a desigualdade e a pobreza através de iniciativas promovidas pela cooperação internacional, autoridades locais, ONGs e população organizada. Este tipo bem-sucedido de experiências se destina ao fortalecimento do empreendedorismo inovador, a geração de conhecimento, o desenvolvimento empresarial, as cadeias produtivas sustentáveis, a competitividade produtiva e socialmente inclusiva com o objetivo de que se mobilizem recursos internacionais para os países da região, buscando sua sustentabilidade e replicabilidade.