A política exterior da China e sua situação econômica em análise durante mesa redonda promovida pelo CAF
Com o apoio do CAF -Banco de Desenvolvimento da América Latina- e da London School of Economics Global South Unit, realizou-se a mesa redonda "A política exterior da China no governo de Xi Xinping" na sede da ALADI. O evento foi organizado pelo Observatório América Latina - Ásia-Pacífico e teve como objetivo analisar a situação atual da política e da economia do gigante asiático para compreender as decisões que determinam a sua relação com o resto do mundo.
Na abertura da conferência, Pablo Rabczuk, subsecretário de Cooperação, Assistência Técnica e Apoio aos países de menor desenvolvimento econômico (PMDER) da ALADI, destacou o apoio do banco de desenvolvimento para esta iniciativa. "Agradeço ao CAF, através da sua diretora para o Uruguai, Gladis Genua, por ser um aliado estratégico em todas as atividades que a ALADI realiza, além de ser um pilar fundamental na criação e no lançamento do Observatório", afirmou Rabczuk.
O palestrante principal do evento foi Christopher R. Hughes, professor e diretor do Departamento de Relações Internacionais na London School of Economics and Political Science. Sua palestra concentrou-se na relação entre as políticas internas e externas da China e como ambas são determinadas pelo modelo econômico predominantemente baseado em exportações que se aplica nesse país.
Hughes descreveu como a China chegou a se transformar em um gigante da economia mundial, apelando para exportações e para um forte investimento estatal. No entanto, enfatizou que após a crise que o mundo enfrentou em 2008, esse país já não é mais a mesma potência e que "não podemos descrevê-lo da mesma forma".
"A crise financeira de 2008 foi um duro golpe na China, que pagou um alto preço com a queda de 20% das suas exportações", disse Hughes. "Quando Xi Xinping assumiu o cargo em 2013, ele tentou reverter esta situação e aplicar um novo modelo, visando a eficiência e a eficácia, mas tudo indica que não deu certo".
Entre os problemas que atingem a economia chinesa, o especialista enumerou a alta dependência das exportações, a queda da produtividade, a quantidade exagerada que o governo destina para obras desnecessárias de infraestrutura e os investimentos realizados em empresas públicas que são pouco eficientes. Tudo isto, afirmou Hughes, permanece sem alterações devido às fortes pressões empresariais que foram crescendo no país desde 2001, quando a China tomou a decisão de aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Por outro lado, Hughes chamou a atenção para os investimentos milionários dos chineses que chegam a diversas partes do mundo, e afirmou que há dúvidas sobre a sua transparência. "São diferentes dos investimentos de outros países e são difíceis de julgar", disse.
"Quando olhamos para a China em longo prazo tentamos ver mais problemas do que vantagens", declarou o especialista, lembrando que os investimentos daquele país trouxeram muitos benefícios para a América Latina. "No entanto, é importante ressaltar que isso está mudando rapidamente e é necessário gerenciar as informações sobre a realidade chinesa para uma melhor tomada de decisões".
O evento contou com a participação do Dr. Álvaro Méndez, principal pesquisador na London School of Economics and Political Science, cofundador da LSE Global South Unit; de Ignacio Bartesaghi, diretor do Observatório América Latina - Ásia-Pacífico; e de Gladis Genua, diretora-representante do CAF no Uruguai. Também estiveram presentes os embaixadores das representações permanentes perante ALADI da Argentina, Equador, Venezuela, além de representantes do Chile, Cuba, Peru e Brasil.